quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Violencia Vs ingenuidade

Começo por falar do filme. Sou sincera, não me fascinou, era um bom filme sem dúvida, o facto é que não me prendeu, não é daqueles filmes que e deixa a pensar, que me obriga a reflectir, que me deixa inúmeras dúvidas, que, se por um lado defendo uma coisa, por outro defenderei o lado oposto. Não é aquele filme que tem sempre os dois lados do caso, ‘o lado positivo e o lado negativo’. Ou melhor, normalmente em primeira perspectiva tomamos logo uma posição, a mais simples, mas, se pensarmos melhor, há sempre outra perspectiva, uma mais complexa, mais difícil de compreender e aceitar.
Foi o caso da Laranja Mecânica. A primeira ideia foi logo: este gajo é um monstro, sem quaisquer princípios!
O facto é que na segunda parte esse mesmo ‘monstro’ deixou em todos um sentimento de pena, mas pena porque? É ai que está a questão. O tratamento não o deixou uma melhor pessoa, apenas uma pessoa sem possibilidades de praticar o mal, tornando-se um alvo fácil para todos os que tinham o desejo de vingança perante aquele rapaz. Mas todos achamos incorrectas as vinganças sobre o mesmo, certo? Mas ele mereceu, fez bem pior durante toda a sua vida. A forma cruel com que ele violava as mulheres e batia nos homens era desumana, n o entanto tivemos pena dele. Pena daquele rapaz que no inicio nos enjoava. Mas no fundo ele nem boa pessoa ficou, apenas um incapacitado!

É essa a solução para a violência no mundo? NÃO!
Este tratamento só traria mais violência e desumanidade.

Em relação ao último filme, Fassbinder (penso eu), vi-o sobre uma prepositiva diferente. Não havia, como falei anteriormente, esses dois lados, apenas era centrado duas classes sociais opostas, mas ambas retratando a homossexualidade. E esse é a ideia sem dúvida mais interessante, o naturalismo perante a homossexualidade. Ou seja, no filme a homossexualidade é realmente vista numa perspectiva muito simples, sem problemas esse nível, sem quaisquer preconceitos. O que normalmente acontece em filmes que se centra na homossexualidade é que o problema tratado é a discriminação perante os mesmos, as desigualdades entre hetero e homossexuais. Neste filme ser hetero ou não é indiferente, a questão não era essa, mas simplesmente a ingenuidade de uma rapaz que esbanja todo o seu dinheiro por amor, sim, porque, na minha opinião, ele não era ambicioso, apenas tinha o habito de jogar, para poder ganhar algum dinheiro, mais por desporto do que por ganância. O problema é quando ele se apaixona e faz tudo para agradar o seu parceiro, não se apercebendo o quão enganado e manipulado está a ser. Conseguimos perceber logo de inicio o final, o rapaz vai ficar sem nada, é bastante visível que o seu parceiro apenas está com ele por dinheiro, ate porque ele mantinha ainda ‘encontros’ com o seu ex-namorado. Quantas vezes isto não acontece na realidade? Quantas mulheres e homens não estão com o seu parceiro apenas por dinheiro, pela vida social e tantas outras razoes fúteis e frias?!
Enfim, toda a historia se passa á volta destes dois mundos oposto. Por um lado a pobreza e a ingenuidade, por outro a riqueza, a vaidade e o poder manipulador. Não deixa de ser sem dúvida um bom filme, uma visão diferente dos dois mundos.
Não concordo que os actos do rapaz que ganhou a lotaria fossem pouco reais, pelo contrário, pareceram-me bastante óbvios e previsíveis. Um rapaz que cresce na miséria e que, de um momento para o outro, tem nas mãos muito dinheiro, não o saberá gerir, visto que nunca teve de o fazer, nunca soube o que isso era, com a agravante de se apaixonar por um indivíduo de uma classe superior, á qual se tenta inserir, fazendo tudo pelo outro, e não porque quer realmente ser e viver como eles, mas apenas com o seu parceiro.

Beijo
Mariana Sousa

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