domingo, 31 de janeiro de 2010

Outra vez os horários?

Compreendo e sou sensível à argumentação do Gonçalo, mas não concordo com ele quando dá a entender que eu cedi às «reivindicações» de um aluno, no caso, do Pedro.

Eu gostava que arrumássemos de vez o assunto e não me quero impor. Não é por uma questão de falta de autoridade, mas, porque gosto de que as coisas sejam decididas de forma democrática e consensual.

Eu vejo algumas vantagens na repartição das aulas sem horário rígido, sobretudo porque nos permite discutir alguns filmes mais longos, que muitas vezes ultrapassam as 2 horas de duração. Pareceu-me, na altura, que a proposta da Matilde e do João Queiroz era bastante equilibrada e não vi nenhuma oposição de fundo quando o assunto foi referido na aula. A discussão sobre o Viridiana foi interessante: além de termos mais tempo, permitiu uma interiorização de dois dias e algumas trocas de ideias no blog o que favoreceu o debate.

Sou sensível aos argumentos de alguns de vocês que organizaram a vida de forma diferente e a quem a hora e meia de 5ª faz falta. Sou particularmente sensível ao argumento da Mariana que tem Matemática atrasada e que fica com um horário terrível.

Reconheço, sem me querer alargar muito sobre este assunto, que existem atitudes diferentes por parte dos alunos relativamente às aulas. Estão todos no seu direito, uns e outros. Por mim, digo-vos que estas aulas dão-me um enorme prazer. Se dependesse de mim e se pudesse, víamos filmes todos os dias. Não sinto as aulas como uma obrigação e, por isso, estou sempre disponível. Alguns de vocês têm uma forma de estar semelhante à minha: é uma oportunidade única de aprendermos todos e fazermos uma coisa de que gostamos, sem a pressão dos testes e das notas. Mas, compreendo igualmente a posição daqueles que têm outra forma de estar e para quem esta disciplina é mais uma como as outras, certamente agradável, mas não mais do que isso.

Na próxima aula, vamos resolver o assunto em definitivo. Depois do debate sobre Estética e Cinema, vamos serenamente recapitular todos os pontos de vista e tomar uma decisão. Até lá, queria fazer minhas as palavras da Júlia que no seu excelente comentário apelou à serenidade e à ponderação. Já tivemos recentemente, suficientes motivos de crispação bastante desagradáveis e ninguém gostaria de os ver aqui repetidos.

Jorge

sábado, 30 de janeiro de 2010

TERÇA vs quinta

Já que se queixaram que ninguém se manisfestou contra a mudança das aulas para quinta muito menos no blog, é então o que vou apresentar segundo tópicos:

1)Não se esqueçam que inicialmente as aulas eram terça e quinta, mas todos quiseram trocar tudo para terça de modo a ver tudo seguido e discutir. Ou seja, com esta troca, tiveram a mexer nas vidas das pessoas que já se encontravam organizadas, e agora querem voltar a fazer tudo outra vez? Eu acho que é uma péssima ideia.

2)Quando dizem que se querem juntar para discutir os filmes, e fazem-no como se fosse um encontro de amigos para discutir e por isso não há necessidade de se preocuparem com as notas, é mentira. Apartir do momento em que se juntam numa sala de aula, com um professor para discutir algo das aulas, é também considerado tempo de aula e por isso interessa para as notas.

3)Em termos de horário as coisas não funcionam bem como dizem, que são dois blocos, porque isso também é mentira.À terça a aula é as 11h45min mas começamos a ver o filme por volta das 12h15min, e não há nenhum filme dos que nós vemos que dure uma hora e trinta minutos(ainda bem), ou seja saimos sempre para lá das 13h15min. À quinta é um debate, um debate nosso nunca dura um bloco visto que gostamos muito de falar. Posto isto no minímo por semana temos 3 blocos.

4)É assim, eu gosto muito das aulas, e gosto dos filmes e das discussões mas digo com toda a sinceridade que prefiro estar em casa ou fazer outra coisa do que estar numa aula. E para além disso, apesar de haver que pessoas que passam a vida na escola e gostam disso e portanto não se importam, eu não sou uma delas, tenho vida para além da escola e como tal não posso andar a alterar as coisas assim sem mais nem menos.

5)A minha proposta seria continuar o esquema que tava, vendo o filme e discutindo depois e caso algum dia o filme fosse maior e não houvesse tempo para uma boa discussão, prolongar-se-ia esta para a semana seguinte não vendo um filme nessa aula. Pois às vezes uma discussão completa é melhor do que um filme.

Posto isto concluo a minha argumentação esperando que as aulas permaneçam só à terça, mas queria deixar um recado ao professor: o que o Pedro Feijó diz não se escreve e portanto lá porque o stor falou com ele e ele disse que podia haver aula na quinta que todos tinham concordado, não quer dizer que seja totalmente verdade(com todo o respeito ao Feijó). Portanto acho que o stor deveria assumir um bocado mais de responsabilidade em relação a isto visto que diz respeito directamente as aulas.

Gonçalo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Objectivismo e Subjectivismo Estético

Tendo em conta, a discussão da próxima semana sobre o tema: «De que falamos quando dizemos que um filme é bom?», recomendo a todos, em particular a quem ficou de preparar o tema, a leitura do texto da página 193 do manual de Filosofia do 10º ano.

Jorge

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Caros telespectadores, voltamos à emissão normal...

Quanto mais reflicto sobre o filme que visionámos hoje, mais percebo o quanto gostei dele. Viridiana (de 1961) é, muito provavelmente, o melhor filme que vimos nesta disciplina. Já vimos algumas obras-primas (La Grande Illusion, A Clockwork Orange), mas este filme causou-me um impacto maior e estranha mas agradavelmente... diferente - e isto vindo de alguém que adorou o Sweet Movie.



N'A Laranja Mecânica, desde logo percebemos estar perante uma experiência cinematográfica distinta (mais que não seja pela estética muito peculiar); mas em Viridiana, uma premissa aparentemente simples, inocente e potencialmente religiosa dá origem a uma obra subversiva do Catolicismo tradicional e que nos leva a questionar sobre os nossos valores, mais particularmente sobre esta coisa a que chamamos "caridade". Contrastando com a pureza de espírito de Viridiana (que se reflecte na sua pureza física - num elenco de personagens morenas e com a pele encardida pela sujidade, Viridiana é uma espécie de anjo de cabelos louros) temos em D. Jaime a tentação carnal (que se acabaria por consumar através do seu filho, de uma forma chocante para a época - aquele fim... ménage à trois?) e na multidão de pobres a falta de valores e regras, a ingratidão, a inveja - enfim, a multidão é praticamente a encarnação dos muito católicos sete pecados mortais.

A resposta de Viridiana à adversidade é curiosa - em vez de se refugiar nas suas antigas crenças, procurando justificações bíblicas para a catástrofe (como até então sempre fizera), a jovem (literalmente) queima os seus laços com o catolicismo. Esta resposta acaba por ser não só a da noviça, como a do realizador - Buñuel não consegue acreditar num Deus que permita a perduração de valores tão descorteses, tão bárbaros. Esta posição quase provocatória reflecte-se em dois outros pormenores bastante significativas: o crucifixo/punhal escondido que pertencia a D. Jaime e que, creio eu, fala por si; a "última ceia", subversão de um dos mais adorados episódios bíblicos.

E acho que por agora não tenho muito mais a dizer... só sei que amei o filme e que provavelmente daqui a cinco minutos já pensei em mais qualquer coisa para dizer. Ah, já sei: vou pensar duas vezes antes de dar esmola no metro!






Estou só a brincar, claro.






Eu não dou esmola.

Cinemateca

Nas próximas 4ª e 5ª feiras (da semana que vem), passam dois interessantes filmes na Cinemateca durante o horário da tarde:

a) Na 4ª feira passa Corações na Penumbra de Richard Brooks (1962) sobre uma estrela de Hollywood em decadência.

b) Na 5ª feira passa o célebre Touro Enraivecido de Martin Scorsese (1980), um prodígio de técnica cinematográfica sobre a história do pugilista Jack LaMotta.

Alguém está interessado em ir? SE quiserem, podemos combinar alguma coisa.

Jorge

domingo, 24 de janeiro de 2010

Ta'm e guilass

Então e.....Cinema?

Numa tentativa de acabar com o monopólio que a discussão sobre a visualização do 300 está exercer sobre este Blog (pelo menos está a animá-lo - há que louvar isso), exponho a minha crítica ao filme "O sabor da Cereja", do Abbas Kiarostami.

Dado o facto de ter sido vencedor da palma d'ouro de 97, ser uma amostra dum suposto brilhantismo Iraniano - algo totalmente diferente para nós - e aclamado positivamente por alguma crítica, o Sabor da Cereja tinha todos os ingredientes atractivos para o tipo de filmes que queremos ver. Contudo, "The bigger the height the harder the fall".

A simplicidade do enredo poderia reduzir este filme a uma curta metragem: Um homem iraniano, hesitante em suicidar-se, procura cumplices para ajudá-lo a tomar essa decisão e auxiliá-lo no acto. O primeiro, um jovem recruta do exército, amedrontado com a obscuridade da proposta, foge a sete pés. O segundo, um seminarista aplicado, recusa a proposta dada a sua posição religiosa e as suas convicções e tenta dissuadir o protagonista de a levar a cabo. O terceiro e último, um biólogo com necessidades económicas, apesar de o fazer com alguma reluctância, aceita a sugestão proposta pelo "Sr Badhi" - o protagonista - e promete cumpri-la. Não obstante, é este [o biólogo] o personagem que mais tenta influenciar a decisão de Badhi, evocando momentos do seu passado em que se encontrara numa situação semelhante à do Iraniano. O desenlace da situação de Badhi é uma incógnita e o filme acaba com filmagens "cruas" (Rare footage) do próprio Kiarostami, os actores e toda a equipa a realizar o filme que acabáramos de ver. Ah, um "pormenor" : Mais de 80% do filme passa-se dentro de um Range Rover a ser conduzido pelo protagonista, as deslocações são todas em tempo real e o deserto é paisagem dominante em toda a hora e meia. "Pormenores"...

Dum ponto de vista puramente cinematográfico, não posso dizer que tenha gostado do filme. Apesar do tão elogiado “virtuosismo técnico” de Kiarostami e da excelente prestação do actor Homayon Ershadi (Sr Badhi) o Sabor da Cereja ficou aquém das minhas expectativas. A monocordia dos diálogos, a monotonia paisagística, a excessiva duração do filme e a forma superficial como os temas foram abordados são alguns dos pontos negativos que encontro neste filme. Talvez desse uma boa curta-metragem, mas nunca uma longa de 95 minutos. E na sequência desta crítica, rejeito alguns comentários que o professor fez quanto às causas do aborrecimento de alguns alunos. Já vi filmes tão ou mais lentos quanto este, com muito menos diálogos e acção mais reduzida e adorei. A adaptação cinematográfica do Stanley Kubrick da obra prima de ficção científica de Arthur C. Clark “2001: A Space Odyssey” ou o pitoresco “Barry Lyndon”, do mesmo realizador são exemplos de filmes com durações na orla das 3 horas, repletas de cenas lentas e paradas, mas que ainda assim entram na minha lista de filmes preferidos. Até nos filmes de João César Monteiro, incluindo “A Comédia de Deus”, que vimos na aula, existem imensas cenas que nunca poderiam figurar numa produção hollywoodesca dada a sua falta de movimento ou de entretenimento gratuito e fácil, mas não foi por isso que deixei de adorar o filme. A diferença entre esses filmes e o Sabor da Cereja é que no último não há qualquer conteúdo estético digno de apreço. Em oposição a explosões de cores nunca antes vistas ou a estações espaciais a “dançar” ao som de valsas do Strauss, a motivos bucólicos duma beleza rara e a momentos pessoais e idiossincráticos duma serenidade impressionante (uma cena linda da Comédia de Deus em que uma mulher se deita na mesa do João de Deus e começa a “nadar”), neste filme apenas vemos areia, areia e mais areia. O problema pode ser a minha falta de sensibilidade estética, mas ainda assim….

Outra exprobração que considero essencial fazer a este filme é à inadequação da cena final, em que nos são mostradas filmagens da realização do próprio filme. Considero que a adição deste elemento meta- ficcional é totalmente despropositada e não tem nada que ver com o assunto em questão. Em “Persona” (em português “A Máscara”), de Ingmar Bergman, assistimos a constantes lembranças de que aquilo que estamos a ver é apenas um filme e nada mais, e no final há uma aparição de Bergman acompanhado pelo director de fotografia Sven Nykvist, também eles a projectar o filme e a filmá-lo, como Kiarostami neste. A grande diferença é que no primeiro (filme sobre a perda de identidade e da sanidade mental associada ao uso de “máscaras” e fingimentos) o realizador quer-nos mostrar que as personagens que vemos no filme são as actrizes Bibi Andersson e Liv Ulmann e que elas estão a usar uma “máscara” ao interpretar aquelas personagens, apesar de o fazerem duma forma tão realista e intensa, libertando-se quase de si próprias para desempenharem aqueles papéis. No último o sentido disso é …..? Mostrar que aquilo era só um filme? Enganar o espectador de alguma forma? Não consigo mesmo perceber qual foi o sentido daquela cena.

Dum ponto de vista filosófico também não achei o filme grande espingarda. Acho que das questões levantadas (Haverá legitimidade moral no suicídio? Deverá haver qualquer tipo de legislação sobre este? Fará sentido, em alguma situação, escolher a morte em detrimento da vida (excluindo coisas como a eutanásia e afins)? Devemos, em alguma situação, ajudar alguém a morrer? Ou dum ponto de vista mais pessoal - “como deveríamos agir se nos deparássemos com aquela situação?) apenas a primeira foi abordada com alguma profundidade no filme, mas acho-a também a menos interessante dum ponto de vista filosófico. A minha posição quanto a essa questão é extremamente redutora pois acho que o único entrave que vejo ao suicídio é de cariz religioso. Como defendo uma total laicização dos estados…..
Quanto ás outras questões (as interessantes), o filme limitou-se a raspar ao de leve pela sua superfície. Achei que os diálogos que as abordavam eram bastante prosaicos e até mesmo “clichés”. Um guião adequado a uma produção hollywoodesca.

Nota final : 2/5


Em suma, apesar de não ter gostado do filme, não o detestei e não o achei péssimo, e até achei bom que o professor o tenha levado. Sugiro que debatamos neste blog algumas das questões mencionadas acima e que continuemos a discussão iniciada na aula.


João Queirós

Incontornavelmente, Buñuel

Estou indeciso relativamente ao filme da próxima aula.

Acho que chegou a altura de abordarmos Buñuel, o genial e bizarro cineasta espanhol, uma referência incontornável quando se estudam os valores.

A minha dúvida prende-se com o filme que vamos ver, porque hesito entre dois:

a) Viridiana . É a obra prima absoluta. Um filme cáustico, bizarro, uma mistura de anarquismo e filosofia de Nietzsche, sobre a total inversão dos valores, em particular sobre os valores da caridade e da bondade. Uma das vantagens de vermos este filme, é que poderíamos fazer uma discussão conjunta com o filme de João César Monteiro, na perspectiva do imoralismo e da transmutação dos valores.

b) A Via Láctea. É um filme ainda mais bizarro, surrealista, meio desconexo, que aborda uma viagem satírica pelos dogmas da religião católica, numa perspectiva nem sempre muito clara, mas quase sempre muito profunda. Penso que é um filme que gera mais discussão do que o outro.

Aguardo as vossas sugestões.

Jorge

Blog, Debates e escolhas de filmes

Desde que foi criada esta Área de Projecto, que a mesma foi pensada de forma aberta. Em ambas as turmas, as portas estão sempre abertas (pelo menos no sentido figurado do termo). Há alunos como a Ana Martins, a Inês e alguns do 12º E que não sendo alunos da disciplina vêm assistir aos filmes e participar nos debates e temos todo o gosto nisso.

Este espírito de portas abertas, estende-se ao nosso blog. A professora Nazaré já deu a sua estimável colaboração e o mesmo sucedeu recentemente com o meu colega e amigo Manuel Beirão. Agora apareceram alguns comentários de alunos que presumo não serem da turma, mas sim da outra Área de Projecto. São todos benvindos.

O que me parece menos interessante é que alguns venham com o intuito de acabar com as discussões. Eu acho esta discussão particularmente útil, interessante e de nível elevado. Expomos de forma veemente as nossas ideias, como é timbre das nossas aulas, mas sem ninguém se ofender ou sentir melindrado com opiniões contrárias. Nós gostamos muito de trocar opiniões e ninguém tem o direito de nos mandar calar, como aconteceu nalguns comentários de outro post meu.

E acho estas discussões particularmente úteis, porque, para além de outras questões laterais igualmente interessantes, o debate coloca duas questões fundamentais:

a) Que tipo de filmes deve ser projectado publicamente na Escola Secundária de Camões? Qual o critério para a sua selecção? Devemos tomar como ponto fundamental a sua qualidade intrínseca, ou apenas o facto de poderem ser discutíveis?

b) haverá algum critério de qualidade intrínseca inerente aos filmes, ou tudo depende exclusivamente do gosto de cada um? Existe alguma objectividade estética, ou todos os gostos são subjectivos?

Aqueles que foram meus alunos no 10º ano devem lembrar-se de termos discutido esta questão quando demos os valores estéticos. Gostaria de ler as vossas opiniões, que em relação ás questões da arte em geral, quer às questões do cinema em particular.

Poderemos dizer que a música de Bach é melhor do que a música de Tony Carreira? Poderemos dizer que O Homem que Matou Liberty Valance é melhor que o 300? Se podemos, que critérios é que vamos encontrar para afirmá-lo? Se não podemos, será suportável reduzir tudo a meras opiniões pessoais?

Aguardo as vossas opiniões

Jorge

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cinemateca!


Amanhã vai passar na cinemateca todo o Mil e Novecentos! MESMO todo: duas sessões de 158 minutos, uma começa às 15:30, e a segunda às 19:00!

Já que, para muito desgosto do feijó e grande alegria do stor, não vamos o ver na aula, quem tiver coragem pode aproveitar a oportunidade xD

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fórum de Discussão (um pequeno aparte)

Olá, turma!

Como devem saber (ou não, mas nesse caso ficarão a saber dentro de momentos), brevemente será realizada uma Reunião Geral de Alunos, onde vão ser debatidas e votadas várias propostas de colegas nossos (exemplo: abolição dos toques de entrada e saída, abertura do portão de entrada/saída de Artes, abertura da entrada lateral...). Ora, sendo a nossa turma tão apta em toda a espécie de debates, e sendo este um momento tão importante para nós - a Assembleia Geral de alunos é o órgão deliberativo máximo dos alunos - achei por bem vir divulgar o fórum onde poderão, entre outras coisas, consultar algumas das propostas e começar a discuti-las.

Debatam muito, e perdoem este meu ligeiro "off-topic".

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Uma proposta para reflectir

Constatei a existência de algum mal estar de alguns de vocês, relativamente ao pouco espaço que existe para os debates. A projecção dos filmes começa tarde, estes por vezes são muito longos (como sucedeu anteontem), depois há o intervalo e sobra muito pouco espaço para debatermos.

Em conversa informal com o João Queiroz e a Matilde foi-me feita a seguinte proposta que depois foi apoiada pelo Pedro e pelo Sérgio: às 3ªs feiras víamos o filme e a aula terminava imediatamente após a sua projecção. Às 5ªs feiras organizávamos um debate sobre o filme visto na 3ª. Nenhuma das aulas tinha uma duração absolutamente definida. Assim, ficaríamos com mais tempo para reflectirmos em conjunto.

Queria só recordar-vos que o meu objectivo com esta área de projecto não é regido pelas notas e pelas convenções escolarmente definidas. Fiquei sensibilizado com todos aqueles que querem debater, aprender, trocar ideias, conviver e para isso estão dispostos a abdicar de algum do seu tempo livre para o poderem fazer.Eu também tenho muito prazer em ver filmes convosco e em debatê-los no final e, por isso, subscrevo a proposta do João e da Matilde.

Independentemente das classificações que aqui não estão em causa, eu reparo que alguns de vocês participam nas actividades de Filosofia e Cinema com paixão, porque, mais do que uma nota, percebem que podem usufruir aqui de uma oportunidade singular que, provavelmente não voltarão a ter no seu percurso escolar. Outros estão porque acham o professor um gajo porreiro (aliás já o conhecem de anos anteriores)e a disciplina não dá muito trabalho, pois basta fazer uns relatórios e as notas são altas e ver uns filmes (ainda que esquisitos) é uma forma divertida de passar o tempo.

Gostava que expressassem as vossas opiniões sobre esta proposta e fossem absolutamente sinceros e claros.

Jorge

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Algumas pistas de reflexão sobre o filme A Comédia de deus

Alguns de vocês acharam estranho, não só o filme de João César Monteiro, mas também, os motivos que me levaram a incluí-lo neste ciclo.

Como sabem, vamos dedicar este ciclo aos valores e achei por bem começar por um filme que representa uma absoluta transgressão dos valores tradicionais. O filme é marcado pelos contrastes claros que perpassam toda a obra cineasta: a música erudita e a música pimba;as citações literárias de Camões e a linguagem vulgar; a obscenidade e o recorte literário; as muitas palavras e o silêncio; a opulência e a degradação.

Mas, o filme é sobretudo marcado pelas contradições de João de Deus: homem pacato e zeloso, alquimista genial e respeitador dos valores familiares («não te esqueças que um dia serás mãe»), fundamentalista da higiene pública da privacidade da imagem e da reputação, pretenso altruísta que aparentemente se solidariza com os problemas da fome no mundo («temos que ser uns para os outros»). Mas é também a personagem da extrema perversidade: coleccionador dedicado de pelos púbicos, violador de empregadas de geladaria, falso beato e perverso no limite, João de Deus representa de uma forma cabal as contradições de uma moral dominante excessivamente repressiva que gera em todos nós uma duplicidade comportamental em que a parte obscura se remete para o domínio privado e nunca assumido perante os outros.

A hipérbole de João de Deus (personagem entendida como alter ego do cineasta) o seu sentido de transgressão e de excesso, nunca é gratuita. Ela remete-nos sempre para uma crítica feroz de todos os poderes colectivos constituídos sejam eles políticos, religiosos, empresariais e culturais (reparem no discurso de apresentação do novo gelado e dos convidados que o acompanhavam - uma prostituta reformada, um padre, um político e um empresário)e pela afirmação de uma feroz individualidade(JCM nunca se identificou com qualquer grupo ou lobby mesmo dentro do cinema)que mais do que uma redenção, deve ser entendida como um percurso de vida.

O filme remete-nos de forma elíptica para um vasto conjunto de questões de natureza filosófica, sobretudo de natureza moral: o que é o Bem e o que é o Mal? (Nietzsche defendia que estes conceitos não passam de palavras vazias). Quais os limites das convenções morais? Quais as relações entre a moral dominante e a felicidade individual? Qual o sentido de representação (no sentido teatral do termo) necessário a cada um de nós para se afirmar de forma socialmente aceitável, reprimindo a vontade e o prazer individuais? O que é que é socialmente aceitável relativamente aos comportamentos sexuais? Até onde poderemos transgredir?

Infelizmente, a sua extensa duração impediu-nos de debater o filme. Por mim, estou disponível para nos juntarmos para conversarmos sobre ele numa 5ª feira (nesta ou noutra); para já, deixo-vos aqui este desafio, para através do nosso blog irem expressando as vossas opiniões.

Jorge

PS: Com tudo isto não vos falei da qualidade do filme. Acho-o simplesmente assombroso!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Debates












Sempre querem organizar um debate às 11:45/12:00 na quinta sobre o filme de hoje? Ou preferem a segunda opção de vermos outro filme mais curto de hoje a uma semana e depois discutirmos com base nos dois?

Acabei por não perceber bem como é que ficou combinado!

Matilde

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Afterschool

Andamos a perder tempo com coisas menores! O filme Afterschool de António Campos (apenas 26 anos!!!) é, no mínimo um filme perturbante.

Se puderem, não deixem de o ver.

Deixem-se de Avatares e 2012. O cinema deve ser mais do que mero negócio gerado pelas multinacionais de Hollywood.

Feliz ano novo para todos

Jorge
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