quinta-feira, 29 de outubro de 2009

mozzila fireFOX

Começo desde já por pedir desculpa por não postar há imenso tempo, mas tenho tido uns problemas com a Internet e tem sido difícil aceder.
Bem, quanto ao filme, gostei do facto da homossexualidade ter passado para segundo plano, não sendo minimamente relevante na temática do filme, e dada a época da realização do mesmo, julgo ser uma produção revolucionaria nesse campo, porque todos sabemos (ia dizer lembramos, mas ainda nem éramos projectos de vida, tsam tsam...) que naquela época a homossexualidade era encarada de uma maneira bastante diferente de como é agora, aliás, a sida vinha sempre associada à ideia da homossexualidade, como no caso do Freddie Mercury e do António Variações. Temos também um rabilas de todo o tamanho daquela altura (desculpem a expressão, mas há limites!), o vocalista dos Culture Club, Boy George, que era bastante criticado pelas pessoas na década de 80 pela sua extravagância e homossexualidade. E o facto da homossexualidade naquela altura ser abordada num filme, ainda para mais em segundo plano, não sendo de todo um contributo para a qualidade (ou falta dela) do filme, merece o seu mérito.

Quanto ao filme em si, não achei grande espingarda, desde o inicio que o desenrolar do mesmo era previsível e acabou por não haver aquela curiosidade de saber o final. Gostei bastante da intervenção da Maria na aula (vá Maria, agora não podes dizer que não gosto de ti) e concordo plenamente com ela, acho que o facto do Fox ter esbanjado o dinheiro da maneira como esbanjou não se deve à ambição de ascender a nível social, fê-lo porque amava alguém (neste caso o homem do mustache que não me lembro do nome) e fazia de tudo para o agradar, assim como nós fazemos de tudo para agradar as pessoas de quem gostamos. Acho que não está aqui em causa o Fox querer propriamente ascender a nível social, talvez o tentasse para agradar ao "homem do mustache" o que acho perfeitamente legitimo. Contudo podemos ver a arrogância e interesse que existia naquele meio, quando o Fox esta em casa do (mais uma vez) "homem do mustache" e chega la o outro e pergunta lhe se andava a dormir com o "mal cheiroso" ao qual ele responde que havia ganho 500.000 marcos, levando-o a mudar de opinião, simplesmente pelo dinheiro.

Não foi um filme que tivesse gostado muito, mas ao longo deste ano vão haver filmes que gostamos mais e outros menos.
Quanto à entrada e saída das aulas para fumar um cigarro, vou ter mais cuidado com isso, porque de facto perturba quem quer ver o filme, desculpam-me ou "its too late to apologize"?

Beijinhos, abraços e muitos palhaços

PS- Acho que se o Fox sabe que há um filme em que a personagem principal tem o mesmo "nome" que ele, e que é homossexual se passa, mas é só um post scriptum, atenção xD.


Garrett

Ainda na Laranja

Vejamos: segundo um dicionário de filosofia, a definição de "bem" e de "mal" passa por um imediato aconselhamento de pesquisar a definição de "ética", "ver ética". «O adjectivo ético, na linguagem comum, é aplicado a comportamentos/posturas ("éticos", "pouco éticos", "falhas de ética") das pessoas, numa referência à realidade humana na sua plenitude. O tema nuclear da Ética são os actos do ser humano, enquanto ser possuidor de Razão. Os actos que são livres e, enquanto tais, "correctos" ou "incorrectos", "justos" ou "injustos" -- de um modo mais simples, "bons" ou "maus".

Os termos Ética e Moral são por vezes usados indistintamente, sendo mesmo equivalentes em numerosos textos. A distinção, no entanto, pode fazer-se referindo a moral à prática concreta dos homens enquanto membros de uma dada sociedade, com condicionalismos diversos e específicos -- enquanto a ética é a reflexão sobre essas práticas.»

Heinemann formula a questão central a que esperamos que a Ética responda: "Que devo escolher?" Ou melhor: "Há um valor supremo? Há uma hierarquia de valores? Que forma de vida devo escolher? Que espécie de homem devo ser? O que devo querer? O que devo fazer?"


Segundo Fernando Savater em Ética para um jovem: «(...)ao contrário de outros seres, vivos ou inanimados, nós, seres humanos, podemos inventar e escolher EM PARTE a nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, quer dizer, conveniente para nós, frente ao que nos parece mau e inconveniente. E, como podemos inventar e escolher, podemos enganar-nos, que é uma coisa que não costuma acontecer a castores, abelhas e térmitas. Assim, parece prudente estarmos bem atentos ao que fazemos e procurar um certo saber viver que nos permita acertar. Esse saber viver, ou arte de viver, se preferires, é aquilo a que se chama ética.»


Este parágrafo de Savater é excelente para avaliar a consequência do programa a que Alex foi submetido: "[poder] optar pelo o que nos parece bom". Porém, há ainda várias questões a enumerar. Os valores são, ou devem ser, comuns? «Há um valor supremo? Há uma hierarquia de valores?» Em relação ao subjectivismo moral, confesso não ter uma opinião formada. Ao contrário de Kant, não acredito que TODOS os valores possam ser universais, mas será que ALGUM faz parte de todo o universo psicológico e consciente?

Gostei imenso do post do Sérgio, acerca de "Intenção vs Consequências" e um dos comentários feitos pela Matilde elucidou-me bastante. A possível existência de uma hierarquia de valores, de uma «tábua de valores», distinguindo "valores invioláveis", "valores superiores" e "valores inferiores".


Acho que no filme não se trata de subjectivismo moral. Porque, na verdade, os nosso valores morais advêm de uma aprendizagem, uma educação paternal e social.
O Alex fazia parte de uma sociedade e, como tal, adquiriu os "valores invioláveis" desta, os "valores superiores" do seio familiar e, talvez, os "valores inferiores" através das suas aprendizagens (ele próprio). Tendo como base os valores invioláveis, uma vez que os quebra exaustivamente, algo de errado se passa com ele a nível intelectual. Como tal, os seus actos serão julgados por todas as pessoas da MESMA sociedade. É aqui que volta o adjectivo "mau". Para a sociedade, as suas atitudes estão erradas, são injustas, são más. Será então punido por tal. [ Como?

Alex sujeita-se a um tratamento, mesmo não sabendo em que consiste. Quinze dias seduzem-no mais do que catorze anos de prisão. O tratamento consiste, então, em ser exposto a formas extremas de violência, acompanhado pela incapacidade de parar de assistir, porque os seus olhos estão presos por um par de ganchos. Também é drogado antes de ver os filmes, para que associe as ações violentas com a dor que estas lhe provocam.

A discussão deste filme passa essencialmente pela avaliação moral (intenção e consequência) e pela avaliação do programa a que Alex foi submetido.
Sou da opinião do Zé quando digo que este tratamento «é desumano e tira a identidade, a autonomia e o livre arbítrio», segundo os meus valores morais! O ser humano é capaz de "optar pelo que lhe parece bom" e "conveniente". Embora Alex tenha "valores invioláveis" semelhantes aos de toda a sociedade, algo lhe permite tirar prazer de acções baseadas em opostos, sendo, portanto, "o que lhe parece bom", fazer algo incorrecto. Escolha esta, posteriormente, impossível.

O tratamento torna-o incapaz de qualquer acto de violência (nem mesmo em self defense). Como efeito secundário, também não consegue ouvir a 9ª Sinfonia de Beethoven, que era sua peça favorita. Achei particularmente curioso Anthony Burgess, o autor do livro, ter escolhido este compositor. Decidi ver se aparecia alguma coisa no dicionário de filosofia relativo a Ludwig Van Beethoven e deparei-me com: "Compositor alemão, cuja obra (nem clássica, nem romântica) é inclassificável segundo os cânones da estética tradicional, rebelde a toda a interpretação que lhe recuse a autonomia que o compositor reivindicou para si próprio ao longo de toda a sua vida.". Traços estes que reflectem algumas características psicológicas e comportamentais do protagonista, Alex.

A última questão importante a referir está mencionada no post do Sérgio, a avaliação moral. Acho que não é necessário acrescentar mais nada, sou da mesma opinião que ele. Embora ache que, como disse na aula, por exemplo, a nossa legislação conseguiu arranjar uma forma de avaliar a acção e puni-la através dos dois pontos de vista.


P.S.: Perdoem-me as imensas aspas.

Júlia

Avaliações

Mudando de assunto, passo agora às avaliações. Penso que os trabalhos por período são óptimos para a avaliação, não tenho reclamações a esse nível, nem a nenhum da avaliação proposta.
A avaliação tem de ser realmente diferenciada.
Peço que tenham atenção às entradas e às saídas na aula. Acho que todos (ou quase todos) concordamos que o facto da aula ser bastante livre é agradável, mas um pouco de seriedade também não seria demais. É bastante desagradável estar constantemente gente a entrar e a sair, principalmente para as pessoas que estão perto da porta. Alem disso agradeço que não peçam com tanta frequência comida de uma ponta da sala para a outra, não é por mal, mas uma pessoa esta constantemente a parar e a perder certas falas, e estes filmes não são propriamente os filmes de Hollywood que de principio se sabe logo a historia toda, e se perderes cinco minutos não perdes rigorosamente nada. Mas nestes filmes perdes, são filmes que requerem atenção e interesse.
Só mais uma coisa, temos de ter mais atenção a forma como temos os debates, uns falam sem que ninguém os interrompa, mas outros não, outros começam a falar e nem a frase conseguem acabar que já esta tudo a falar em cima deles. Pedia ao professor que tomasse isso em conta.

Beijos
Mariana Sousa

Violencia Vs ingenuidade

Começo por falar do filme. Sou sincera, não me fascinou, era um bom filme sem dúvida, o facto é que não me prendeu, não é daqueles filmes que e deixa a pensar, que me obriga a reflectir, que me deixa inúmeras dúvidas, que, se por um lado defendo uma coisa, por outro defenderei o lado oposto. Não é aquele filme que tem sempre os dois lados do caso, ‘o lado positivo e o lado negativo’. Ou melhor, normalmente em primeira perspectiva tomamos logo uma posição, a mais simples, mas, se pensarmos melhor, há sempre outra perspectiva, uma mais complexa, mais difícil de compreender e aceitar.
Foi o caso da Laranja Mecânica. A primeira ideia foi logo: este gajo é um monstro, sem quaisquer princípios!
O facto é que na segunda parte esse mesmo ‘monstro’ deixou em todos um sentimento de pena, mas pena porque? É ai que está a questão. O tratamento não o deixou uma melhor pessoa, apenas uma pessoa sem possibilidades de praticar o mal, tornando-se um alvo fácil para todos os que tinham o desejo de vingança perante aquele rapaz. Mas todos achamos incorrectas as vinganças sobre o mesmo, certo? Mas ele mereceu, fez bem pior durante toda a sua vida. A forma cruel com que ele violava as mulheres e batia nos homens era desumana, n o entanto tivemos pena dele. Pena daquele rapaz que no inicio nos enjoava. Mas no fundo ele nem boa pessoa ficou, apenas um incapacitado!

É essa a solução para a violência no mundo? NÃO!
Este tratamento só traria mais violência e desumanidade.

Em relação ao último filme, Fassbinder (penso eu), vi-o sobre uma prepositiva diferente. Não havia, como falei anteriormente, esses dois lados, apenas era centrado duas classes sociais opostas, mas ambas retratando a homossexualidade. E esse é a ideia sem dúvida mais interessante, o naturalismo perante a homossexualidade. Ou seja, no filme a homossexualidade é realmente vista numa perspectiva muito simples, sem problemas esse nível, sem quaisquer preconceitos. O que normalmente acontece em filmes que se centra na homossexualidade é que o problema tratado é a discriminação perante os mesmos, as desigualdades entre hetero e homossexuais. Neste filme ser hetero ou não é indiferente, a questão não era essa, mas simplesmente a ingenuidade de uma rapaz que esbanja todo o seu dinheiro por amor, sim, porque, na minha opinião, ele não era ambicioso, apenas tinha o habito de jogar, para poder ganhar algum dinheiro, mais por desporto do que por ganância. O problema é quando ele se apaixona e faz tudo para agradar o seu parceiro, não se apercebendo o quão enganado e manipulado está a ser. Conseguimos perceber logo de inicio o final, o rapaz vai ficar sem nada, é bastante visível que o seu parceiro apenas está com ele por dinheiro, ate porque ele mantinha ainda ‘encontros’ com o seu ex-namorado. Quantas vezes isto não acontece na realidade? Quantas mulheres e homens não estão com o seu parceiro apenas por dinheiro, pela vida social e tantas outras razoes fúteis e frias?!
Enfim, toda a historia se passa á volta destes dois mundos oposto. Por um lado a pobreza e a ingenuidade, por outro a riqueza, a vaidade e o poder manipulador. Não deixa de ser sem dúvida um bom filme, uma visão diferente dos dois mundos.
Não concordo que os actos do rapaz que ganhou a lotaria fossem pouco reais, pelo contrário, pareceram-me bastante óbvios e previsíveis. Um rapaz que cresce na miséria e que, de um momento para o outro, tem nas mãos muito dinheiro, não o saberá gerir, visto que nunca teve de o fazer, nunca soube o que isso era, com a agravante de se apaixonar por um indivíduo de uma classe superior, á qual se tenta inserir, fazendo tudo pelo outro, e não porque quer realmente ser e viver como eles, mas apenas com o seu parceiro.

Beijo
Mariana Sousa

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Critérios de avaliação

Os parametros como foram propostos pelo professor e depois reforçados pelo Queirós, na minha opinião, não correspondem ao intuito inicial das percentagens "moldáveis".
Ou seja, vamos imaginar uma pessoa que é melhor no debate oral e no blog que na componente escrita (realizar trabalhos):

Participação na aula: 18
Participação no blog: 17
Participação em actividades fora da aula: 18
Comentário escrito: 13

Segundo a proposta corrente, o aluno ficaria com: 18x0,25+17x0,25+18*0,10+13x0,4=15,75
Ou seja 16.
Parece-me que se o objectivo era adequar a avaliação a cada aluno então só estamos a beneficiar os que não gostam de participar nos debates que vão ocorrendo o que me parece mais uma vez injusto, porque o debate é parte mais interessante nesta disciplina.

Assim, acho que se todos concordamos em ter percentagens não rigidas então devemos aumentar a amplitude. Por exemplo:

Participação na aula: 20 a 40%
Participação no blog: 20 a 40%
Participação em actividades fora da aula: 10%
Comentário escrito: 20 a 40%

Cada aluno teria então um parametro com 20%, um com 40% e um com 30%, mais os 10% da participação em actividades.

Neste caso, não faria sentido para um aluno que escolhesse 20% (o minimo) para o comentário escrito ter de fazer dois trabalhos como o queirós sugeriu e eu não concordei. O minimo seria 1 e o máximo 3, tal como o professor tinha proposto no início.

Como não vou à próxima aula, digam o que acham por aqui! ;)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sugestões

Queria fazer aqui um pequeno à parte sobre dois assuntos: primeiro, e esta dirige-se mais ao senhor professor, é sobre os debates, acho que têm de se melhor moderados e mais respeito por quem está a falar, pois muitas vezes uma pessoa está a dizer o que pensa, outra vêm interromper, gera-se alta confusão e depois passa completamente o que a pessoa inicialmente estava a dizer. Daí a terem de ser melhor moderados e mais organização. Acho também enquanto o filme decorre, não devia haver saidas para fumar, pois perturbam, por isso acho que devia aguentar, e não acredito que não o consigam ( acho que não estão assim tão dependentes).
O outro assunto é uma sugestão de filme que eu tenho e que trata, na minha opinião muito bem o determinismo, chama-se Minority Report, do Steven Spielberg com o Tom Cruise.

Gonçalo

Ps: Gostaria que o stor respondesse, e que os Celtics limpem hoje os Cavaliers.

Resposta ao Queirós

Das tuas críticas, a meu ver, apenas surge uma: o realizador não foi capaz de transmitir a verdadeira paixão que Fox tinha por Eugene. Tudo o que referiste como falhas são consequências disso.
E não sei se esta incapacidade que estou a atribuir ao realizador não é de facto a nossa ignorância em relação a cultura alemã (e à sua dinâmica social), aliada a uma má legendagem que não consegue transmitir diálogos com fidelidade.

Em relação ao teu Post Scriptum discordo parcialmente. Estás certo quando falas na Grande Ilusão: a Guerra é o que os separa e as classes o que os une. No entanto, o próprio sentimento de participação na Guerra é também um factor de união; o medo, a desorientação e a ânsia de voltar para casa são sentimentos partilhados entre os soldados de um lado e do outro.
A Guerra toma duas dimensões: a política, que separa exércitos, e a pessoal, em que a natureza não tem fronteiras ;)

Quando dizes que a classe social tem papéis contrários em ambos os filmes acho que estás errado. No filme de hoje as classes sociais têm dois efeitos diferentes: afasta as pessoas se elas pertencerem a classes diferentes mas aproxima-as se pertencerem à mesma classe. Tal como na Grande Ilusão! Basta ver a relação entre os Soldados (e.g. aquela parte na cela), e reparar também que o General não é próximo de nenhum soldado, mas apenas do General preso.

No meio disto o papel da homossexualidade, penso eu, funciona como o da Guerra no segundo sentido que referi. As pessoas que se juntam no bar não só são da mesma classe como são homossexuais (o que indica certas experiências semelhantes de marginalização). E o mesmo acontece o círculo de amigos de Eugene.

Adios!

Material de Apoio

Como é do conhecimento geralm em Economia nós temos imenso tempo livre (é verdade, temos todas as tardes livres) e para além do mais, fisica, quimica e biologia são incomparavelmente mais dificeis do que Economia e Georafia (cofcof).

E portanto, eu tenho lido algumas coisas sobre os temas que têm sido discutidos:

1- sobre o relativismo moral e a questão da critica a outras culturas:

http://www.answering-islam.org/NonMuslims/islam_above_criticism.htm

2- sobre a nossa disciplina:

http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/17.pdf (ver a parte sobre o "Vestida para matar")

3- http://storage.ku.edu.tr/~doregan/Com102/Archives/Comm%20102%20Autumn%202006/Researchtopics.htm(com imensos filmes sobre imensos temas)

- sobre o filme Pollock (sobre o pintor), que está no tema "subjectividade da estética", achei esta frase demais: "How do you know when you are finished, making a painting?" Pollock's answer, "How do you know when you are finished making love?" xD

4- sobre a pena de morte, alguns argumentos e objecçoes:

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=politica&artigo=pelapena&lang=bra

5- Tolerância, MGF e relativismo moral:

http://dossiers.publico.clix.pt/noticia.aspx?idCanal=967&id=278032

http://dossiers.publico.clix.pt/noticia.aspx?idCanal=967&id=166796

depois de vasculhar mais no histórico escrevo os que faltam!

Fassbinder : A Grande (des)ilusão

Sempre que assisto a uma conversa sobre cinema alemão ou vejo qualquer tipo de referência à industria cinematográfica deste país [Alemanha] os nomes que saltam frequentemente à vista são Rainer Werner Fassbinder e Fritz Lang (apesar do último ter nascido na Áustria).

Assim, como amante cinematográfico e absoluto leigo em cinema alemão, a ideia de encetar a visualização de filmes deste país com este renomeado realizador deixou-me ansioso e com expectativas bastante altas em relação a
Faustrecht der Freiheit (esqueci-me do título do filme em português e não encontrei na net, só "Fox and his friends"). Infelizmente, "É das grandes esperanças que nascem as grandes desilusões " - Vladimir Putin (acerca do Obama ahah)

A premissa do filme não era má; era aliás, bastante boa: Um jovem e pobre trabalhador de circo, totalmente cândido e ignorante, ganha a lotaria e de um dia para o outro a sua vida muda. Homossexual, apaixona-se por um homem duma classe social diferente, um típico aristocrata que, sem Fox (o protagonista) perceber, planeia ludibriá-lo ao máximo, extorquindo-lhe tudo o que ganhara.
O problema aqui não foi a idealização, mas sim, a realização.

Por volta do décimo minuto do filme, quando a situação que está prestes a desenrolar-se é-nos exposta, a ideia do logro e a crueldade que dele advém criou em mim uma inquietação (extremamente agradável) que esperava manter-se durante o resto do filme, um horror à conduta de Eugene (o aristocrata) e do resto dos seus amigos, uma crescente preocupação com o protaginista e um sentimento de empatia para com ele que me fizesse repudiar os seus lograntes. Era essa (creio) a intenção de Fassbinder ao realizar este filme e foi exactamente aí que o realizador falhou. Nem empatia, nem preocupação. Nada. Amoção e total indiferença.

O que contribuiu, então, para este erro crasso, a falta de expressividade do filme?

O primeiro, e talvez o mais importante, as personagens em si. O excesso de ingenuidade que caracteriza Fox tornava este filme tão interessante como um jogo de ténis entre a minhã (inexistente) irmã e o Roger Federer. A facilidade com que este "emprestava" centenas de milhares de Marcos a recém-conhecidos ou a forma irracional e imediata como reagia a críticas por parte do seu suposto amante dão a todas as situações deste filme uma inverossímilhança e implausibilidade que mete dó, ou nem isso. Dá a entender que, por falta de imaginação ou empenho, o realizador procurou maneiras fáceis e pouco elaboradas de projectar este logro. (É o que dá fazer tantos filmes em tão pouco tempo)

O segundo, também relacionado com as personagens, são os actores, ou a direcção destes. Fassbinder (como actor - protagonista) manteve a mesma expressão durante todo o filme. Quer em momentos em que devia rir quer quando devia chorar. Uma decepcionante monocordia e uma imutável atitude. Quando ao resto do elenco, mais do mesmo.

Contudo, a inexpressividade deste filme não se fica só pelas personagens. Até a clareza da mensagem era dúbia. O personagem principal era tão estúpido, desinteressante e surreal que quase dá a ideia de que os alvos da "crítica" não eram os aristocratas que o burlaram mas sim os pobres - tão ignorantes e imcompetentes que não deviam ter o direito de ter tanto dinheiro. Sinceramente dúvido que fosse isso que Fassbinder queria transmitir.


P.S. Em relação à comparação feita entre este filme e "A grande ilusão", queria voltar a dar a enfâse ao que já disse anteriormente. A única semelhança que vejo entre os dois filmes é em relação à temática. As situações são totalmente díspares: Na grande ilusão a guerra é o que separa as personagens e a classe social aquilo que as une. Aqui não. Neste caso, a homossexualidade é o que os une e as classes o que os separa.


João Queirós

Intenção vs Consequências

Começo por felicitar o Queirós pela sugestão do filme "A Clockwork Orange", do seu mais-que-tudo Kubrick :P . Apesar de já o ter visto, sei que havia uma grande maioria dos alunos que ainda não tinha tido esse prazer, para além do facto que é um filme que não custa nada rever, antes pelo contrário. É também um filme que dá para discutir inúmeros temas (como se viu na terça).

A questão das teorias normativas da acção (deontologia vs consequencialismo) não é algo que tenha significativamente bem definido na minha cabeça, no entanto confesso que a deontologia, me pareça a melhor alternativa. Não me parece que as consequências sejam uma peça fundamental, na avaliação moral de uma qualquer acção.

Lembro-me de que quando demos o utilitarismo, li alguns textos sobre este tema, e recordo-me que, embora não concorde totalmente com a opinião de Platão, este ilustrava bem o que era moral: Dizia então que não era deixarmos de roubar isto ou aquilo, por medo de sermos apanhados/reprovados pela sociedade. Era sim o que nos faria roubar ou não roubar, quando estivéssemos invisíveis e soubéssemos que ninguém poderia julgar as nossas acções. O resto será algo entre o medo e a hipocrisia. É aquilo que podemos chamar dever interior, que vem contrastar um pouco com o dever exterior. O contrário faria de nós meros instrumentos para a sociedade.

É óbvio que para um sistema como este, é necessário termos uma maneira de universalizar os valores, ou então entraríamos no " o que é bom para mim, é mau para ti". Como? Não sei, não tenho a resposta. Mas penso que passará por algo parecido com o imperativo categórico de Kant. No entanto alinho numa visão mais moderada do que a de Kant, pois penso que é impossível não ser inconsistente ao nível moral adoptando esta doutrina. Temos o famoso caso que exemplifica isso bem: Se alguma vez Kant escondesse um amigo em sua casa, e um assassino lhe batesse à porta e perguntasse se o seu amigo ai se encontrava, Kant teria de dizer a verdade. Penso assim, que há situações onde as regras morais podem e devem ser quebradas, nomeadamente em nome de valores como "Manter promessas" ou "Não infligir mal aos outros". Ultrapassar este problema passará eventualmente por atribuir alguma hierarquia aos valores, mas como disse no inicio, não é algo que tenha pensado a fundo.

Contudo, não encontro qualquer fundamento no consequencialismo.

Em primeiro lugar, usa o indivíduo como um mero instrumento para atingir o bem geral, tomando-nos como objectos sem qualquer vontade, em suma, fazendo com que puséssemos de lado qualquer projecto pessoal já que a maximização do prazer/ ausência de dor não passa por isso.

Em segundo lugar é impossível calcular as consequências de uma acção de uma forma acertada, jamais o vamos conseguir fazer. E há ainda outra questão, de que consequências falamos? das directas? Por exemplo se salvar uma criança poderá à partida ser uma acção moralmente aceitável do ponto de vista consequencialista (consequencial?), o que diremos se essa criança se tornar uma serial killer, ou um ditador, e matar uma data de gente? Continuará a ser uma boa acção? (Isto é também apontado como uma objecção à deontologia, já que na maioria das vezes é impossível apurar a intenção do indivíduo)

O terceiro ponto é que o consequencialismo ignora por completo as normas e regras morais. O objectivo é sempre maximizar o bem. O que por um lado, torna todas as acções que não maximizam o bem, moralmente incorrectas, e por outro torna acções que nos parece, à partida, óbvio que são acções muito erradas, moralmente correctas. Dou-vos o exemplo de dois pacientes que necessitam de um rim. Do ponto de vista consequencialista, matarmos alguém e fornecermos cada um dos rins a cada paciente, parece uma acção completamente aceitável.

Acho que o consequencialismo acaba por aceitar a máxima que os fins justificam os meios, que é algo com o qual não posso concordar!

Sérgio

P.S.: Bibó S.L.B.!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Maranja Lecânica

Allô!
Estou um bocadinho perdido no meio da discussão por causa do sistema posts/comments, mas, bom ou mau, aqui deixo o meu contributo para a discussão.

Antes de começar deixem-me dizer que sou um subjectivista moral. Não há nada, no mundo inteiro, que nos diga tão linearmente o que é bom ou mau. A moral é uma invenção da vida e, como tantos outros conceitos, é posto num altar a que não pertence (como a consciência, caro professor xD). Penso que a única maneira de achar que os valores são objectivos é a partir da crença religiosa - este ateu convicto já não tem hipótese de ser uma pessoa decente xD.
Mas lá por acreditar que os valores são subjectivos não quer dizer que não defenda os meus ideais, os meus valores e as acções que penso que fariam do mundo um lugar muito, muito melhor. Valores esses que se baseiam na universalidade.

E a Mariana tem toda a razão no que me disse: quando se fala de condenar/apoiar determinados actos, medidas ou políticas concretos (MGF, Máquina do Cérebro, etc..) é necessário deixar para trás a subjectividade moral e partir do parágrafo que começa com "Mas".

A MGF é uma prática desumana. Trata-se de um traço cultural que desrespeita os direitos humanos, que tem consequências nefastas (a não ser para o controlo populacional, poupem-me) e que não dá, e isto é o mais importante, a oportunidade de escolher aplicá-lo.
O Gonçalo argumenta que é um traço cultural que temos de respeitar. Mas Gonçalo, aposto que não acharias tanta piada se fosses castrati.
Pelos mesmos princípios da subjectividade poder-se-iam considerar o homocídio, a pedofilia e o infanticídio* como tradições a respeitar.


Quanto ao filme há imensas coisas que podemos discutir.
O Alex ser "bom" ou "mau" é uma delas. Reafirmo que não me parece que esta dicotomia se possa aplicar a uma pessoa no seu todo, mas antes a determinadas intenções ou consequências.
Mas é preciso deixar claro: aquela máquina não foi boa para o Alex. Não o fez parar de sofrer (pelo contrário), não fez com que deixasse de ter más intenções (He was cured, alright) e toda a mudança de comportamento não o ajudou na sua vida porque não apagou o que ele já tinha feito. Mesmo que começasse uma vida de novo nunca seria uma pessoa que estivesse bem, dado os seus conflitos interiores.

Portanto deixemos esclarecido: As medidas sociais que se seguem pelos mesmos princípios que a Máquina são práticas consequencialistas em que os direitos do indivíduo são ignorados.
E são defendidas por grupos que desumanizam as pessoas: Desde Stuart Mill da ala de extrema Direita americana até ao otário do José Estaline que disse "uma morte é uma tragédia, milhares são uma estatística".

Aliás, nunca seria possível criar máquinas destas que fossem eficazes. Exactamente por causa da já tão discutida Complexidade Humana. Por acaso no tratamento do Alex tropeçaram na questão da música, mas se não tivesse acontecido quem nos diz que ouvir a música depois de sair da instituição não despoletaria no Alex acções ainda piores.


Tinha mais coisas que queria dizer, mas esqueci-me xD
Se me lembrar acrescento no comment.

Até amanhã!

*O infantícidio foi considerada uma prática socialmente aceitável durante muito tempo na altura do apogeu Romano.

domingo, 25 de outubro de 2009

Resposta à Naranja - mary

zézinho, vou-te responder, porque foste o unico a falar mesmo no filme.

concordo com tudo o que disseste, ou seja, percebe-o, mas:
a) "Com o tratamento não lhe tas a dar a oportunidade de se tornar 'bom' e de perceber o que é 'errado'. . " como sugeririas fazer entender ao Alex que o que ele fazia era errado?
b) "Não! Ele deixa de fazer por medo da consequência, pois sabe que vai sentir-se horrivelmente mal (...) Acontece o mesmoc com experiências científicas com ratos."
Tu nao podes saber isso! Se nao fizeres uma asneira por medo do castigo, vais percebendo que alguem acha isso errado e é por isso que te castiga. Aí tu tentas reflectir, o rato nao é racional. Ele sim só associa a dor a comida, um Humano tenta perceber porque é tao errado comer.
Foi assim que comecei a tirar boas notas a matematica (vá, melhores) xD
c) Isso da música não é nada assim! a musica nao era de todo inocente e foi apanhada no meio. Ou seja, para o Alex nao era inocento, era o desplotador emocional, ele imaginava-se a fazer os crimes mais horrendos ao som desta musica. Quando a ouviu, sem querer no tratamento passou a repugna-la tambem, mas se te lembrares bem, logo no inicio do filme, ele chega a casa, liga essa musica e vai guardar o dinheiro e o relogio do casal e relembrar a 'agradavel' actividade noturna -.-

mas sim, convenceste-me com a falta de livre arbitrio tornando a pessoa debilitada e que seriamos todos assim (mais ou menos claro), logo nao nos reproduziriamos etc. se bem que acho (nao tenho a certeza) que no tratamento só te repugnava aquilo que anteriormente te fosse disfuncionalmente bom. ou talvez fosse desde o zero.. nao sei.


p.s.- adorei todas as ideias do queiros relativamente as notas e os parametros do stor tambem me parecem bem.
p.s. mais importante - tambem ia sugeir o water, tinha-me esquecido, por isso estou com o Vasco.

Reposta aos critérios de avaliação propostos pelo professor

Tenho uma proposta de avaliação para a parte (40%-50 %) das análises críticas. O professor sugeriu que fizéssemos no mínimo uma e no máximo três por período, mas eu sugeria que fizéssemos no mínimo duas e no máximo três, contando somente as duas melhores. Isto seria vantajoso para as pessoas que se dessem ao trabalho de fazer três sem penalizar aquelas que (por razões de disponibilidade ou perguiça) se ficassem pelas duas. Por exemplo:

O aluno X obteve, nos seus dois primeiros trabalhos, as classificações de 15 e 16, respectivamente. Se o aluno não quisesse fazer mais nenhuma, a média ((15+16)/2) seria de 15,5 = 16. No entanto, imaginando que o aluno se dava ao trabalho de fazer uma terceira análise e tirava a nota de 17, a média dos seus dois melhores trabalhos ((16+17)/2) seria de 16,5=17. Acho que este tipo de avaliação seria um estímulo positivo à realização de três trabalhos sem penalizar aqueles que não os querem fazer.

Falando agora das percentagens atribuídas a cada factor avaliativo, sugiro ter apenas os 10% fixos e o resto móveis (dentro de certos limites,obviamente), de forma a beneficiar equitativamente todos os alunos.

Vamos supor, por exemplo, um aluno que tem problemas em expressar-se oralmente mas que faz trabalhos excepcionais. Para esse aluno sugeria que os trabalhos escritos contassem o máximo (50%), a participação nas aulas o mínimo (20%) e o blogue também, caso isso o prejudicasse (20%). Para um aluno com características diferentes fazer-se-ia o mesmo, como, por exemplo, 40% análises, 25% blog e 25% participação.

Concluindo, acho que poderíamos estipular os limites para a percentagem dada a cada factor de acordo com o que o professor sugeriu : 40% a 50% análises, 20% a 25% trabalhos blog e 20% a 25% participação. Não sei se estes valores serão os mais acertados por isso sugiro que os discutamos.

Outra sugestão que faço é em relação à nota final do ano. Sugiro que em cada período a avaliação seja feita de forma independente e que se faça uma média ponderada para o último (final do ano). Proponho, então, que seja valorizada 50% a nota do melhor período, 30 % e do segundo melhor e 20% a do pior.Parece algo excessivamente benéfico,mas para casos em que o aluno mantém alguma constância nas notas, não é assim tanto.

Um aluno que tenha, por exemplo, 17,17,18, com uma média aritmética acabaria o ano com 17,3(3)=17. Com esta ponderação acabaria o ano com 17,5=18. Se o aluno tivesse 16,17,18, aplicando a fórmula (18*0.5+17*0.3+16*0.2), obteria o resultado de 17.3, o que corresponde a um 17; o mesmo que obteria com uma média aritmética ((16+17+18)/3), não o beneficiando.

Se ainda assim parecer algo excessivo, sugiro que conte 40% o melhor e e 30 % os restantes.


P.S: Em relação a este período, que já vai quase a meio, sugiro que o número de análises se reduza para um mínimo de uma e o máximo de duas, contando só a melhor.

João Queirós

Comparações estupidas

Acho que já todos reparamos que com esta discussão da mutilação genital feminina, acabamos por fazer comparações estúpidas (todas com lógica) mas não deixam de ser estupidas. com isto proponho que vejam este filme - Agua.



Na índia,o casamento de meninas com homens mais velhos era comum em certas partes da Índia. Quando um homem oriundos de uma família hindu ortodoxa morreu, a jovem viúva seria forçado a passar o resto de sua vida em uma instituição para viúvas chamado ashram uma viúva, a fim de reparar os pecados de sua vida anterior, que supostamente causada marido morte.
Chuyia (Sarala Kariyawasam) é uma menina de oito anos que acabou de perder o marido que nunca conhecera tornando-se automaticamente viuvá. Ela é depositado numa casa de viúvas hindu para passar o resto de sua vida em renúncia. Acho interessante este filme pois fala de um costume de outra religião que eu acho bastante injusto, já para não falar da sociedade da índia, dividida por castas que acho que é um completo absurdo.

Vasco

PS: se quiserem eu posso fornecer o filme xD

Critério para a selecção e apresentação de filmes

Até agora, estas aulas têm sido uma saudável balda. Não temos um critério para a apresentação dos filmes. Vimos dois filmes sobre o determinismo (Fumar e Match Point) um sobre a tolerância (Eduardo Mãos de Tesoura) um sobre guerra (A Grande Ilusão) e um sobre os valores e a sua universalidade/relatividade.

Um colega vosso de outra turma, acha que os filmes deviam ter uma sequência temática definida. Como sabem há quatro grandes áreas temáticas (Valores, Política e Sociedade, Ciência e Tecnologia e Sentido da Existência).

A pergunta que vos faço é a seguinte: deveremos continuar assim, ou, pelo contrário, deveremos dedicar um ciclo de filmes a cada tema? Aceitam-se sugestões.

Jorge

GUIÃO ABREVIADO DE ANÁLISE CRÍTICA DE FILMES

Sem querer ser dirigista, gostaria que o vosso comentário escrito aos filmes pudesse ter como referência os seguintes elementos;

  • Ficha Técnica do Filme (Director/Realizador, Actores Principais, Ano, País de Origem, Características Específicas, - cores/preto e branco, duração)
  • Sinopse (Resumo breve do filme)
  • Principais conceitos filosóficos abordados (por exemplo, o sentido da existência, o Bem e o Mal, a relatividade dos valores, a importância da palavra no discurso político, a Liberdade, a cultura científica e tecnológica, o destino e o acaso, etc.)
  • Opinião pessoal sobre o filme (uma opinião fundamentada sobre o conteúdo do filme e também sobre os seus aspectos estéticos. Não terá que ser forçosamente uma opinião favorável ao filme)
Jorge

Proposta d Avaliação da área de projecto de Filosofia e Cinema

Olá, a tod@s

Como vos tinha prometido, aqui vai a minha sugestão de avaliação nesta disciplina. Sublinho que é uma proposta. Gostaria que a pudessem ler e que dessem o vosso contributo para que ela fosse melhorada. Podem fazê-lo no blog ou na próxima aula, onde vou reservar um espaço para a discussão do tema.

Sucintamente eis a minha proposta:

  • Elaboração de pelo menos um comentário escrito de crítica a um filme visionado na aula por período. Se quiserem, podem fazer mais do que um – no máximo três. (Entre 40% a 50% da classificação, consoante o número de comentários efectuados)
  • Participação na aula criticando os filmes vistos e contribuindo para o debate quer em termos quantitativos, quer em termos qualitativos (20% a 25%)
  • Participação quantitativa e qualitativa no blogue da turma (20% a 25%)
  • Participação em iniciativas diversas realizadas pela turma no âmbito da disciplina (sugestão de filmes, idas à cinemateca, disponibilização de filmes para serem vistos nas aulas, participação em debates ou sessões de homenagem como a que se vai realizar em torno do João Bénard da Costa, etc.) (10%)

Gostava que no último período pudéssemos realizar uma actividade pública de apresentação do nosso trabalho à escola que poderia passar por uma exposição (de preferência bastante provocatória), ou a realização de uma sessão pública com a passagem de um filme e um debate, por exemplo.

PS: As percentagens não são rígidas. Alguns de vocês gostam mais de se se expressarem por escrito do que oralmente. Para esses, poderá ser mais valorizada a componente do comentário escrito aos filmes, fazendo, por exemplo, mais do que um, em detrimento da participação nas aulas.

Jorge

Alex- Mutilação genital feminina-Bem/Mal

Ola! Quanto à Laranja, achei-o um filme excelente, muito bem feito e elaborado, daí também a ser considerado o 53º melhor filme no top mundial dos filmes. Quanto ao Alex acho que não o podemos considerar uma 'boa' pessoa, pois no início consideravamos que ele era mau, devido às suas ações. Mas quando sai da prisão uma pessoa até tem pena dele pois estava-se a tornar uma melhor pessoa, mas na minha opinião quando ele sai e deixa de bater nas pessoas, deixa de violar mulheres, não o faz porque não quer, mas sim porque se sente enjoado e sente repulsa. Logo se não fosse aquele 'tratamento' ele continuaria mau, por isso acho que ele não foi curado, apenas se deu a volta à questão, pois para ele estar curado ele não faria aquelas acções porque as acharia erradas e não porque sente repulsa e então não as faz porque não quer vomitar.

Quanto à mutilação genital feminina acho que é errado, vai contr os direitos humanos, mas trata-se de religião e por mais que se queira mudar esse problema, com a religião não se consegue mexer. Por exemplo, no tempo de Moisés (profeta de Deus, segundo a Biblia) as mulheres e filhos e animais eram sacrificados a Deus pois achavam que isso ia fazer com que o Senhor lá de cima continuasse a gostar deles. Eu sei que parecesse parva a comparação mas trata-se em ambos os casos de religião, simplesmente antigamente a mentalidade era retrógada e agora já não é tanto. Mas para essa gente a mutilação é o bem mas para nós é o mal.

Ou seja, onde uma pessoa vê sempre o bem, há sempre alguém a ver o mal. Estes conceitos são contrários e como as pessoas têm cabeças diferentes e não pensam todas no mesmo, não podemos julgar as culturas que acham que fazer a mutilação é bom, apesar de haver mortes por causa da mutilação. No entanto também há mortes por causa da construção civil mas ninguém quer acabar com elas, porque são necessárias, logo não podemos julgar as pessoas que fazem a mutilação pois elas acham que isso é necessário.

Abraços do Gonçalo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

olá

Bem para começar desculpem não ter cá vindo mais cedo. Dos filmes que vimos até agora os que mais gostei foram O fumar, e agora a Laranja Mecânica.

Eu acho que toda a cultura nos restringe como seres humanos únicos, mas a verdade é que a sociedade é mesmo assim, têm de existir parecenças e unanimidade caso contrário não seria possível viver em comunidade. O problema é quando essa cultura tem um carácter extremo que é o exemplo da mutilação genital feminina. Como a Marta disse a cultura não pode ser o escudo que protege tudo o que acontece muito menos quando se trata de mutilação genital feminina que não respeita os direitos humanos como principio da igualdade e não-discriminação com base no género, direito à integridade física, e até por vezes até direito à vida.

Não estou a dizer qual cultura é melhor que outra porque isso não é de possível classificação, mas quando uma tradição desrespeita os direitos humanos, pelo menos a mim não me parece muito correcto a continuação deste processo.

Eu acho que na Laranja Mecânica inicialmente nós não gostámos nada do Alex porque para nós ele era uma má pessoa, (não vou entrar no bem e no mal, mas vocês percebem o que eu estou a tentar dizer) no final do filme nós quase que tínhamos pena dele. E qualquer pessoa que visse de fora achava que ele era a vitima, mas ele continuava a querer fazer mal, roubar e abusar, por isso é que é tão impossível distinguir o bem do mal, mas eu achei uma discussão interessante.


Como o Zé disse lá em baixo, a discussão do método apropriado também seria interessante porque claro que eu não concordo com o método utilizado no filme, mas também não conheço nenhum método que pudesse ser utilizado nestas situações.


Rita Calçada

Não ao relativismo absoluto

Estou completamente de acordo contigo Marta.
Mas compreendo o que a Júlia quis dizer. Segundo os países que praticam a excisão, as mulheres que não o fazem ao prestam, sendo assim brutalmente pressionadas a fazerem-no. Aqui a diferença é que, mesmo com a pressão, as mulheres não querem, tentam fugir a essa dolorosa ‘tradição’. Mulheres… ainda nem mulheres são, esta pratica é feita a raparigas ainda na sua adolescência, e muitas vezes ainda na infância, com apenas dois ou três anos, porque, segundo eles, é mais fácil.
"As mulheres guineenses muçulmanas a viver em Portugal são todas excisadas"
"Para nós, as mulheres que não são excisadas não prestam"
"Os usos e costumes não devem ser abandonados. Há uma tendência na Europa para monopolizar a civilização e cultura dos outros. Não deviam pôr em causa os nossos valores, nem dizer 'A nossa civilização é mais bonita do que a vossa'". "Não é crime, não pode ser crime, porque é a nossa tradição. É um símbolo da nossa identidade, uma forma de continuarmos a saber quem somos, fora do nosso país".
É certo que temos de aceitar as culturas dos outros povos, mas ate um certo ponto, á limites! Para isso existem os direitos humanos, e se não intervimos quando nos dão o argumento ‘é uma cultura nossa, não um crime’ então estamos a virar as costas a tudo e a preocuparmo-nos apenas com o nosso país, com a nossa cultura, connosco. Se isso é o relativismo absoluto, então digo não. Relativismo sim, ate um certo ponto, mas relativismo absoluto nunca.

Mariana

Já chega de Bem e Mal

Em relação ao filme posso dizer que gostei imenso, mesmo sendo física e psicologicamente muito violento. Penso que a história tinha muito mais alem do que o bem e o mal, assunto que insistiram em falar. Não digo que não seja um tema interessante e importante, mas esse tema já foi falado inúmeras vezes e se não nos abstraímos um pouco disso estamos constantemente a debater o mesmo, pois qualquer assunto nos vai levar a isso, se esta certo ou errado ? Se é bom ou mau, mas afinal o que é bom e o que é mau ? e não passa-mos disto. Todos sabemos não é possível distinguir bom e o mau, mas estes termos tem de ser utilizados, porque assim a sociedade o definiu. No meu entender, o filme, tinha um tema muito mais interessante para ser analisado e reflectido por nós que tem a ver com a legitimidade do tratamento dado ao Alex. E ate falarmos a nível político, sim, porque atrás daquilo havia interesses políticos. Enfim, poderíamos ter tido outro rumo. Já o filme, achei-o brilhante.

beijinhos e abraços
Mariana Sousa

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

mutilação genital feminina

Já que o debate de ontem levou ao tema da mutilação genital feminina, aqui vai:

A mutilação genital feminina é uma práctica degradante e que é na maioria dos casos feita a sangue-frio, com instrumentos (facas, navalhas, cacos de vidro) que não estão esterilizados, e que podem levar à transmissão de SIDA e à morte. Tem ainda graves consequências psicológicas e é a privação do prazer da mulher.

Acho bem que se respeitem as outras culturas, mas nunca ao ponto de ficar indiferente. Se assim fosse teríamos de respeitar os bombistas suicidas, os apedrejamentos até à morte, e outras práticas que a maioria de nós considera intoleráveis. Se assim fosse nem sequer valia a pena intervirmos em qualquer situação de violação de direitos humanos, desde que fizesse parte de uma outra cultura.

Não temos de considerar os nossos valores e cultura superiores, muito menos desvalorizar outros costumes, mas em certas situações temos de intervir. Os direitos humanos são universais no sentido em que protegem os direitos básicos de toda a gente.


A Júlia falou em pressão social, mas estas meninas (a operação é feita antes da 1a mestruação, é considerada um ritual de passagem para a idade adulta) não têm opcção, não escolheram serem mutiladas. Não é o mesmo que uma pressão em termos estéticos que nós sofremos em relação, por exemplo à depilação. É uma imposição que afecta gravemente a saúde e a liberdade pessoal das mulheres, e na minha opinião, não deve ser tolerada.

Deixo-vos ainda um testemunho que encontrei:

“Sofri mutilação genital feminina aos dez anos. A minha defunta avó disse-me então que me iam levar perto do rio para executar uma espécie de cerimónia, e que depois me dariam muita comida. Como criança inocente que era, lá fui como uma ovelha para a matança.

Mal entrei no arbusto secreto, levaram-me para um quarto muito escuro e tiraram-me as roupas. Vendaram-me os olhos e despiram-me completamente. Depois, duas mulheres fortes levaram-me para o local onde seria a operação. Quatro mulheres com força obrigaram-me a deitar-me de costas, duas apertando-me uma perna cada uma. Outra mulher sentou-se sobre o meu peito para eu não mexer a parte de cima do meu corpo. Um bocado de tecido foi-me posto dentro da boca para eu não gritar. Depois raparam-me os pelos.

Quando começou a operação debati-me imenso. A dor era terrível e insuportável. Enquanto me debatia cortaram-me e perdi sangue. Todos os que fizeram parte da operação estavam meios bêbados. Outros estavam a dançar e a cantar, e ainda pior, estavam nus.

Fui mutilada com um canivete rombo.

Depois da operação, ninguém me podia ajudar a andar. O que me puseram na ferida cheirava mal e doía. Estes foram momentos terríveis para mim. Cada vez que queria urinar, era forçada a estar em pé. A urina espalhava-se pela ferida e causava de novo a dor inicial. Às vezes tinha de me forçar a não urinar, com medo da dor terrível. Não me anestesiaram durante a operação, nem me deram antibióticos contra infecções. Depois, tive uma hemorragia e fiquei anémica. A culpa foi atribuída à feitiçaria. Sofri durante muito tempo de infecções vaginais agudas.”
Hannah Koroma, Serra Leoa.


ps: desculpem tanto o tamanho do post como o facto de estar a fugir à discussão do filme, mas tinha de ser...

Marta

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mecanismos da Naranja

Quanto aos mecanismos da naranja, gostei imenso do filme, muito melhor que qualquer jogo da equipa holandesa. Obrigado Queiroz pela sugestão ;)
Para responder à questão de se poder ou não aplicar esse tipo de tratamento, na minha opinião é claramente não, não se trata de saber se ele continua mau ou fica bom, se tem impulsos maléficos ou não, não se trata do que é o bem ou o mal, aquele tratamento é desumano e tira a identidade, a autonomia e o livre arbítrio. Em prol da justiça? Em vez de ficarmos com um criminoso ficamos com um doente, uma pessoa psicologicamente debilitada que passa a ser troçada e abusada por toda a sociedade pois toda a sociedade também tem aqueles instintos maléficos e de vingança como os que ele teve e continua a ter. Aquele tratamento só o trocou de potencial criminoso para potencial vitima, a resposta é: fazemos o mesmo a todos os que mostrarem esse comportamento para com ele? Então ficamos com uma sociedade de doentes mentais que não se podem reproduzir porque têm agonia ao sexo, não podem estar em espaços públicos porque de um momento para o outro ficam agoniados com uma musica, com um símbolo, com uma cor que lhe relembra o tratamento, ficamos com indivíduos estereotipados sem livre arbítrio e vazios, sem identidade.

Respondendo à Maria: “Por um lado é óptimo para a sociedade que aquele individuo não volte a matar, violar, agredir.” Boa! Se o condenares á pena de morte, ele também não volta a matar, violar nem agredir, mas penso que estamos de acordo que esse não é o método correcto, certo? Com o tratamento não lhe tas a dar a oportunidade de se tornar “bom” e de perceber o que é “errado”. Estás sim a torna-lo fisicamente incapaz de fazer o que é “errado” nem que para isso o tornes também fisicamente incapaz de fazer coisas que estão “correctas”.
“Mas, talvez pela dor que sente sempre que tenta fazer mal, se vá habituando e readquirindo novos valores, valores respeitadores.” Não! Ele deixa de fazer por medo da consequência, pois sabe que vai sentir-se horrivelmente mal, e sempre que se esquecer leva com a horrível agonia para se relembrar. Acontece o mesmoc com experiências científicas com ratos. Metes comida na gaiola, sempre que for a comer leva um choque eléctrico, à quarta ou à quinta ele deixa de tentar comer por muito que queira, ele percebe o porquê de não poder comer? Ele não ganha novos valores, apenas teme a consequência dos seus actos. O mesmo acontece no filme, o caso da Nona Sinfonia, é moralmente mau ouvi-la? É que os novos valores dele garantidos por tão bom tratamento lhe fazem achar que ouvir a nona sinfonia é tão mau como matar uma pessoa, o sentimento de repulsa e agonia é o mesmo.

Para terminar quero só referir-me ao tão complicado tema da consequência vs intenção. Qual o moralmente correcto? Qual o mais importante e útil?
Penso que há duas perspectivas, se fores pensar no que é melhor em termos morais é obvio que o que conta é a intenção. Eu sou uma pessoa muito “melhor” se ajudar os “pobres” com aquilo que tenho porque tenho esse puro desejo do que qualquer rico que ajuda muito mais do que eu com a única intenção de aparecer nos jornais como o super caridoso.
Agora se fores analisar em termos práticos, se fores ver o que é mais útil para a sociedade é com certeza a consequência. Que interessa aos “pobres” se eu quero se não lhes dou nada, preferem muito mais o gajo podre de rico que é muito falso mas lhes dá o que precisam. Em toda a nossa sociedade o que interessa é os resultados, como a Maria disse, que interessa se o politico tem muito boas intenções se não consegue por o país a mexer? Que me interessa se o advogado me defendeu porque acreditava em mim se não conseguiu ilibar-me? Preferia mil vezes um que acha-se que eu era culpado e me safasse. Então no desporto é mais que compreensível a inutilidade da intenção e a importância da consequência. Eu quero lá saber se o jogador queria muito ganhar mas não conseguiu? O que me interessa é que a equipa ganhe! No mundo do desporto, assim como em toda a sociedade, só interessam os resultados. No entanto, não há duvida nenhuma que uma pessoa a agir com intenção é muito “melhor”, muito mais moralmente correcta que a que apenas age por interesse, mas em maior parte dos casos só nos próprios sabemos as nossas intenções, assim sendo, no mundo pratico acaba por contar muito mais o resultado.

Beijoca fofa, desculpem o giant da cena
Zeze Rapazote

Nota:

e é de notar que ele só tinha 11 pennys, e mesmo assim deu dinheiro ao mendigo, sem ter nem casa, nem dinheiro.

mary

Laranja - maria

Sim, teoricamente nao existe bom nem mau; é tudo uma questão de valores.
Se vivessemos numa realidade completamente alternativa (??) em que matar (sei que vamos buscar sempre este exemplo pois é o que mais nos assusta) seria uma honra e venerado quem mais o fizesse, isso sim seria o correcto, o bom! (pensando bem, heróis de guerra são isso mesmo, a ilha feroe na dinamarca com a morte de baleias a sangue frio para provar a chegada à maturidade dos adolescentes também...)
e aposto, que por esta altura, já estão a fazer juízos de valor, está-nos tao intrinseco. mas se nessa realidade isso fosse ainda mais natural do que já é isso seriam os nossos valores! por isso sim, é obvio que tudo é relativo, e que o ser humano é um ser muito complexo. Acredito tambem que todos temos a potencialidade de sermos 'maus' e que bastam as condiçoes certas.

No entanto, refilar porque se utiliza a palavra "mau" tambem nao é justo a nao ser que o problema seja mesmo semantico! Porque eu vou defender os meus valores, e quando defendo os meus valores nao digo que eles sao universais, mas digo que gostaria que o fossem, portanto uma coisa que vá contra aquilo em que eu acredito vai ser má para mim, e eu vou lutar contra ela. Nao vou dar um desconto a um crime porque o individuo nao e totalmente mau e foi so a potencialidade dele que, oh, por acaso se expressou. Como a júlia disse somos os nossos actos, as nossas acções comprovam de que somos feitos. E sim, o resultado tambem importa! num mundo idealizado tudo o que interessaria eram as intençoes, pois se a pessoa quer criar 'bem', mesmo que corra tudo mal, a intençao nao deixa de ser boa. mas parece-nos muito mais reprovavel se a intençao tiver sido má mas tiver corrido bem. Porque? Entao valorizamos mais a intençao que o resultado? (Mas o caso da pergunta 'preferia um politico certo que nao fizesse nada ou um corrupto que fizesse coisas?' é controversa pois todas as pessoas a quem já fiz esta pergunta escolheram o segundo) É por esta razao que nunca formei uma opiniao em relaçao as teorias de kant e de stuart mill, porque na verdade nao sei, talvez dependa das situaçoes.

No tal homicidio, o prejuízo vai ser muito maior se o individuo tiver de facto morrido, o resultado importa! mas se for por acidente, em defesa pessoal ou mesmo só nao premeditado é atenuado, o que demonstra que a intençao tambem é relevante. agora, é necessario ter em conta que as intençoes sao muito mais dificies de se conhecer, e os resultados mais praticos. por esta razao chego a conclusao vulgar de que por isso é mesmo é que cada caso é um caso, e é bom que sejam julgados especificamente. Se me oferecerem uma prenda de anos que nao goste, vou contar a intençao, lembrou-se, esforçou-se, se for o politico provavelmente vou escolher o segundo pois quero ver as coisas a andar.

Por mim este assunto nao sai muito mais daqui - uns vao tentar explicar que julgam o bom e o mau de acordo com os seus valores, sociedade em que vivem, consenso e bom senso e outros vao dizer mas quem diz, quem define, quem tem esse poder?! - sim, tudo é relativo, mas praticamente temos de tomar decisoes. E eu vou sempre defender aquilo em que acredito e dizer que NAO aquilo que acho desumano e se me disserem que é relativo e cultural, eu vou dizer argumentem, tentem convencer-me e vou tentando refutar.

Voltando ao filme entao, é uma questao muito controversa, e para variar acho que nao tenho bem opiniao. Por um lado é optimo para a sociedade que aquele individuo nao volte a matar, violar, agredir. Para a valorizaçao do ser, será pior, pois nao é o próprio que decide.
E se nos perguntarmos, 'entao ele é bom ou mau?' (já sei feijo, nada é tao linear), provavelmente vou concordar de que é mau pois tem a intençao, so nao a consegue realizar por motivos fisicos. MAS, Mas, talvez pela dor que sente sempre que tenta fazer mal, se vá habituando e readquirindo novos valores, valores respeitadores. Por exemplo, quando o mendigo se aproximou dele para lhe pedir a moeda, ele ja nao tentou fazer nada, simplesmente deu-a, ao contrario do seu primeiro impulso no inicio do filme só por ouvi-lo cantar.
É obvio que tambem nao queremos pessoas falsas, podem nao ser da nossa opiniao, mas vao fingir ser. Se acharmos que esse fingimento, recalcamento a vai impedir de desrespeitar os outros quase que temos de o considerar bom, mas sem duvida que seria melhor se nao tivesse esse pensamento in the first place.
Se tal metodo existisse penso que nao seria da forte oposiçao nao, nao concordo que o fizesse obrigatoriamente suicidar-se, mas tambem nao sei se seria da sim. Se nos borrifarmos para o 'criminoso' e a sua personalidade, sim é melhor que leve o tratamento, assim nao fara mal a ninguem. Se pensarmos nele como pessoa com direito a livre-arbitrio é muito perverso. mas seria justo para os inocentes arcar com as consequencias, por causa da dignificaçao da personalidade do infractor?
E por acaso, neste caso, foi ele que escolheu e quis o tratamento, se bem que nem sabia muito bem no que consistia.

muitas questoes para variar.
beijos mary

sábado, 17 de outubro de 2009

Sistema de Avaliação

Como o professor sugeriu, vou transcrever a parte das opiniões que me toca para uma mensagem:

Estabelecer parâmetros objectivos para um disciplina como esta parece-me extremamente complicado. Obviamente que (como todos já referiram) questões como interesse, quantidade e qualidade de participações, posts, sugestões pertinentes e afins são tudo factores a ter em conta mas (como também disseram) não chega. Confiando no bom senso e capacidades do professor não me parece totalmente implausivel a ideia de uma avaliação com alguma subjectividade. Formular critérios objectivos é dificílimo e podem ser, em alguns casos, injustos para alunos com características pessoais que os inibem de participar regularmente ou de se fazerem ouvir. Contudo, como "Herrar é Umano", a ideia de uma avaliação colectiva tendo como base uma nota atribuída pelo professor parece-me bastante boa. Concordo também com a Júlia quando ela sugere uma espécie de trabalho escrito (ou mais que um) para que o professor tenha algo mais sólido para se apoiar aquando da atribuição de notas. Nesse tipo de trabalhos será fácil de manter a equidade e não prejudicar certas pessoas. Uma ideia que me parece bastante viável é a realização de ensaios/análises sobre filmes que tenhamos visto, quer na sala, quer noutro lado (e que o professor os conheça), à nossa escolha. Um ou dois por período não me parece má ideia, visto que é só algo a acrescentar a todos os outros parâmetros

Depois de ler o Público Online...

Quero enviar um abraço de parabéns ao Pedro pelo discurso de ontem na sessão comemorativa dos 100 anos. Não pude estar presente por razões pessoais e o que sei do que lá se passou deve-se exclusivamente aos órgãos de comunicação social. Mas felicito o Pedro pela coragem de romper com o falso unanimismo de que tudo está bem em matéria de educação, quando, pelo menos na parte que me toca, a situação que o futuro titular a pasta vai herdar assemelha-se à devastação provocada pelo furacão Katrina.

Jorge Saraiva

PS: Tenho estado a ler atentamente, os vossos comentários sobre o sistema de avaliação. A coisa está animada, mas só por meia dúzia de pessoas. Sugeria que as mensagens de fundo, aquelas que trazem sugestões sobre o próprio sistema de avaliação pudessem ser colocadas como mensagens autónomas, reservando os comentários para as vossas opiniões sobre as propostas dos outros.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Para os mais distraídos

Para os mais distraídos, queria recordar-vos que vai um debate animado nos comentários ao post anterior sobre o sistema de avaliação. O único problema é que, até agora, há muita participação, mas que se tem circunscrito sempre aos mesmos.

Espero que haja mais participação! Até ao fim da próxima semana, vou recolhendo as vossas opiniões e depois comprometo-me a apresentar uma proposta à turma para discussao baseada nas vossas e nas minhas ideias.

Um abraço a tod@s

Jorge

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vamos debater a avaliação nesta área projecto

Acho que chegou a altura de todos contribuírem com reflexões próprias sobre o sistema de avaliação que acham mais adequado para a área projecto de Filosofia e Cinema. A participação nas aulas, a sugestão de filmes e a participação no blog e nos eventos como os dois debates (do SOS Racismo ou da Amnistia) ou a ida à Cinemateca são importantes, mas estão a revelar-se. por si sós, insuficientes. Algum pessoal está a participar muito bem, mas outros, pela sua natureza mais reservada, ou por pura preguiça, andam a esconder-se. Tenho algumas ideias de instrumentos avaliação complementar, mas gostaria de ler as vossas opiniões. Apenas vos pedia que fossem construtivos e participativos neste debate e evitassem referir-se a situações claramente impraticáveis e injustas do tipo nota igual para todos.

Pensem bem e digam de vossa justiça

Jorge Saraiva

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Laranja Mecânica

Na próxima terça-feira, dia 20, visualizaremos o filme "Laranja Mecânica", do Stanley Kubrick.
A cores, com 136 minutos, realizado em 1971 e inspirado no livro com título homónimo de Anthony Burgess (1962), aborda a questão da importância do livre arbítrio. Não o livre arbítrio (ou a ilusão deste) como oposição ao determinismo, mas como oposição aos condicionamentos e controlos externos, a uma espécie de Behaviourismo radical. Por outras palavras, a antítese entre a liberdade e a manipulação mental.

Os diálogos e narrações do livro (e, consequentemente, do filme) encontram-se num dialecto inventado pelo escritor, o Nadsat, que é uma espécie de inglês com influências russas.

Em relação ao enredo do filme acho melhor não dizer nada, de forma a não estragar possíveis agradáveis surpresas. Resta-me só dizer que é um dos meus filmes preferidos e é, na minha opinião, a obra prima do realizador. Enjoy

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Resposta ao Feijó : Mac, quem vê caras não vê corações

Bem rapaz, tu veneras mesmo o Mac xD
Mas tenho de concordar contigo, tudo o que disses-te esta completamente correcto, sem duvida que o Mac em poluição e ‘escravatura’ ganha a qualquer um.
O facto é que muitas vezes nem pensamos nisso, simplesmente o escolhemos pela sua rapidez, simplicidade e sabor (da altura, porque é verdade que a comida do Mac depois de fria é simplesmente horrível, ao contrario de outras). Mas também há que dizer que o Mac não é o único, simplesmente é o maior, o mais conhecido, o com mais lucro, talvez devido a ser dos primeiros. O facto é que como o Mac há muitos outros.
Mas nem tudo é negativo, por exemplo, as cozinhas. O Mac tem uma das melhores cozinhas dos restaurantes. Eu não fazia ideia, para mim a cozinha do Mac era imunda, cheia gordura e por ai, mas a realidade não é bem essa, na verdade o Mac tem cozinhas bastante boas, com maquinas completamente programadas para todas as coisinhas, não havendo sujidade, excesso de gorduras e coisas assim, por exemplo, as maquinas das batatas estão programadas de um certo em certo tempo ser trocado automaticamente o óleo, e as quantidades de sal como todos sabemos foram ultimamente reduzidas, o que mostra uma maior preocupação, enfim, há toda uma serie de cuidados que em muitos outros restaurantes não existe (não sei explicar muito bem, mas acredita que sei de cozinhas de restaurantes muito finos e dai muito caros em que as cozinhas são um nojo, gordura por todo o lado, e muitas outras coisas que não vou mencionar). Acredito que possam não acreditar, mas é verdade.
Enfim, não quero de forma alguma defender o Mac, simplesmente é pratico, e hoje em dia quem no quer o pratico, rápido, fácil, e ainda por cima económico?! É que parecendo que não tu por 4.40euros estas almoçada xD… tudo tem os seus contras.
Acho que o Mac dez vez em quando não faz mal nenhum, agora quando se torna um habito é que é negativa, quase como tudo na vida (quase lol).
Também uma coisa te digo, esses jovens que lá estão a trabalhar não estão por obrigação, mas sim porque não quiseram estudar e têm aquela ideia que trabalhar e ganhar o seu dinheiro é muito melhor do que ter um curso. É certo que este pensamento é um pensamento ‘cada um por si’, mas é a realidade, eu para não ir para o Mac trabalhar no duro e ganhar pouco, estudo, esforço-me, para um dia poder ter um bom emprego e consequentemente um bom salário. Normalmente essas pessoas não querem estudar, é certo que nunca foram incentivadas a tal, mas haverá sempre esse lado da sociedade, certo?

Abraço
Mariana S.

domingo, 11 de outubro de 2009

sobre o debate

Há decisões dificeis. problemas que se agravam a medida que tentamos obter a soluçao mais acertada... e nao conseguimos. erramos porque tentamos simplificar tudo. simplificar um mundo de complicaçoes. e é desta forma, que em exagero, tentamos que seja tudo conceptualmente perfeito e utópico, num rol de ideias que se formam na cabeça dos que julgam que nunca poderiam existir variaveis.
é certo que é tudo incerto.
deixar que as emoçoes ou sentimentos, tao levianos e instaveis tomem conta das nossas sociedades nao prova que temos mais valor moral. porque nao haveria a pena de morte de se tratar de um assunto com a possibilidade de estudo de regulamentos e definiçao de condiçoes?
juizes, tribunais, tantos orgaos educados que deviam saber tomar estas decisoes de forma imparcial. o problema é que poucos sao os que tem capacidade para controlar e regular os aspectos deste castigo. a meu ver, não é a pena de morte que está em questão. são as condiçoes em que é aplicada. está sempre em causa o constante erro humano e a tendencia para o preconceito que sobe a pique.
sim, está na altura de quebrar o ciclo de violencia. é preciso tomar medidas. nao rejeito a possibilidade de a reintegraçao social ser uma soluçao plausivel em certos casos e que é, de facto, a forma de ''castigo'' mais produtiva, com mais sentido, e mais aceitavel e humanamente respeitosa. mas, admitir que é soluçao para todos os casos é admitir que há, por exemplo, homicidios desculpaveis. nao estaremos entao a violar os direitos humanos por consequencia?
a duvida passa por: ''o que devemos fazer?''
porque é que a aplicaçao da pena de morte é uma violaçao dos direitos humanos e encarcerar um individuo, privando-o da sua liberdade, retirando-lhe indirectamente o direito a viver, nao?
nao é possivel recorrer aos direitos humanos como se se tratassem de um buffet de argumentos para utilizar quando nos convem, para justificar o que nao tem possivel justificaçao.
existem meios termos. há paises em que a pena de morte é condicionada a casos extremos. nao entendo porque motivo nao estiveram representados no debate.
só crimes de gravidade extrema merecem este castigo. são pessoas que nao querem e nao devem ser incluidas na sociedade. nao é racismo, nem muito menos preconceito. é uma realidade. todos concordamos com este facto no decorrer da discussao sobre a etnia cigana.
a pena de morte é uma medida muitas vezes necessária e nao somos menos democraticos pela sua aplicaçao em certos casos. é uma forma de respeitar de forma legitima os direitos à justiça dos cidadaos. se nao houver controlo sobre os criminosos, vao surgir criminosos por consequencia. ou seja, ele mata, eu nao tenho justiça, vou mata-lo. é necessario implementar um quadro juridico baseado na justiça. é a necessidade basica para a preservaçao da integridade humana.
civilizado é um pais que oferece segurança e prosperidade. nao é uma vingança. nao se trata de uma questao de exemplificaçao. é o efeito de um acto.
a ovelha nao é negra. escolhe assim se tornar.
e quem se responsabilizará pelos erros e falhas das tentativas de reabilitaçao? quem se responsabilizará por julgar sucessivamente e dar oportunidades a quem prova nao as merecer?
o ser humano precisa de controlo. caso contrario seriamos animais selvagens.
assume-se entao que matar pode ser normal, uma situaçao perfeitamente banal, completamente possivel de ocorrer a qualquer um de nós? porque é que temos sempre de puxar a desculpa de que temos liberdade para ser diferentes e consequentemente a obrigaçao de aceitar quem é diferente? e se quem é diferente nao nos respeitar? e se nao forem diferentes? apenas tiverem valores diferentes e esses valores irem contra os nossos ideiais de sociedade?
porque dar margem de erro aos que podem ser inocentes ... e nao tambem aos que podem ser culpados?
a pena de morte é, na minha opiniao, viavel de forma regulada e especifica.
o estado nao se deve reger por sentimentos, mas sim pela razao. é possivel ter justiça e honrar os direitos humanos.


para concluir: achei completamente desmedida e despropositada a forma como se refutaram opinioes que estavam a ser defendidas por obrigaçao (visto o debate tratar-se de uma reconstituiçao de uma assembleia da ONU) com ataques ao nivel pessoal. existem certamente atitudes mais educadas para tomar nestas situaçoes.


Raquel maria

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Os 80% falam por si!

Digo já que me agradou bastante o passeio de hoje.
Para começar, tivemos um dia de folga de aulas, sim, sejamos sinceros, menos uma aula de educação física, de matemática (para quem tem com a Dr. Capelão) e de psicologia, sabe sempre bem, não que não sejam aulas de extrema importância e de nosso interesse pessoal. Enfim, á parte disso foi uma boa viagem de barco, não é todos os dias que se tem a oportunidade de passar o Tejo de barquinho! E por último, os belos passeios a pé (sim, para que apanhar o “metro”, não que eu quisesses), e claro, o almoço, o clássico Macdonalds (há quem tenha fugido do clássico, finórios!).
Bem houve ainda m debates, mas isso já foi apenas suplemento.
Pronto, deixemo-nos de brincadeiras que esta área de projecto ate é uma coisa seria.
Posso dizer que o debate me surpreendeu pela positiva, estava muito bem organizado e a ideia do debate entre países foi bastante original e lucrativo, e não apenas um debate onde os argumentos se repetem, tornando-se cansativo (é certo que lá pela meio do debate se repetiu alguns argumentos, mas nada de relevante).
Desde já os meus parabéns ao Sr. Vasco pela sua apresentação e principalmente pela sua coragem, e ao rapaz dos cabelos compridos que sem duvida argumentou de uma forma extraordinária, já para não falar dos seus “comentários” mais extravagantes: “Vergonha Branca”; “Em primeiro, eu nem lhe devia dirigir a palavra devido á repugnância que tenho pelos E.U.A.”, e ainda “Repararam na minha arrogância? Era para imitar o Sócrates”. Não há dúvida de que se saiu muito bem! (Desculpa se a transcrição das tuas frases não estiver perfeita).
Mesmo com tanta emoção ainda houve quem não aguentasse e tivesse de ir a meio do debate ‘apanhar ar’… não é Sr. Professor? Prosseguindo.
Agradou-me bastante a argumentação dos representantes dos E.U.A., bem, um deles era um pouco fraquinho e o Feijo deixou-o um pouco embaraçado, mas o outro (o da ponta) argumentou bastante bem para quem na realidade era conta a pena de morte, sim, porque argumentar de forma convincente algo do qual somos totalmente contra é extremamente difícil (vá excluindo para aqueles que defendem as touradas mesmo sendo contra) e pede de nós, não só um ‘trabalho de casa’ mais exigente, mas também uma certa capacidade de representação perante os outros.
Queria ainda elogiar a organização pela sua organização (bom trocadilho) pois houve sempre oportunidade de forma organizada e séria, cada um na sua vez.
Penso que em relação á pena de morte já não há muito que falar, os 80% falam por si.

Ah! Já agora… porque é que a Sr. Que pertence á Amnistia não falou, ahn Marta?! ;)

P.S.: Os meus agradecimentos ao nosso professor Jorge Saraiva pela preferência perante a escolha da pessoa que deveria acompanhar o Vasco no seu discurso…EU!

Só mais uma coisinha, Gonçalo, sentimos a tua falta, uma boa oposição é sempre bom ;)

Beijos
Mariana

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

pena de morte. alguns factos

-Nenhuma forma de execução é totalmente eficaz e indolor. O condenado sofre horrores, física e psicológicamente

-Na China os condenados chegam a saber da execução no próprio dia, e nos EUA esperam anos por esta:

"Troy Davis foi condenado em 1991 pelo assassinato de um agente da polícia chamado Mark Allen MacPhail, em Savannah, na Geórgia, em 1989. Contudo as autoridades não conseguiram apresentar a arma do crime ou qualquer prova física que ligasse Troy Davis ao crime. Sete das testemunhas que depuseram contra o detido recuaram ou alteraram o seu depoimento após terem feito o juramento." Continua à espera.


-No Estado de Maryland, 12 dos 13 detentos que aguardam a execução foram condenados pela morte de brancos. Sim, a cor da pele é um factor para condenações. E isto no país mais civilizado do mundo.

-3.300 presos permanecem no corredor da morte nos EUA.

-Desde 1973, 135 pessoas foram libertadas do corredor da morte nos EUA por estarem inocentes.


-Um estudo no Estado de Indiana mostrou que custaria de 35% a 37% mais manter a pena de morte do que punir os assassinos com a prisão perpétua. (talvez os direitos humanos não sejam um impedimento, mas com certeza que o dinheiro é).

Marta

Nada a ver com nada - números da turma A

Conforme pedido, aqui fica a lista de alunos da turma A:

João Queirós - nº14
João Coelho - nº15
Pedro Feijó - nº20
Rodrigo Dias - nº21

Até amanhã!,

Rodrigo

"E o filme que vimos"? Vol 2.

No seguimento do Post publicado pelo professor, opino sobre o "género" do filme que vimos e comparo-o com os blockbusters:

- Filmes como "Fumar" ou outros ditos "filmes de culto", na minha opinião não divergem dos blockbusters na qualidade mas sim no tipo de público para quem são feitos. Enquanto que aquilo que geralmente estamos habituados a encontrar nas salas de cinema é feito para as massas (e não só), os outros são apenas para um grupo mais restrito de pessoas. O primeiro tipo de filmes está carregado de "facilitismos"(não que os filmes sejam necessáriamente fáceis), "adoçantes" que evitam causar aborrecimento e manter qualquer espectador atento do principio ao fim. Têm geralmente uma duração curta, bastante movimento, poucos espaços de tempo sem diálogos..etc. São filmes feitos com uma vertente de entretenimento para além da artística, e muitas vezes feitos sem esta última. Por outro lado, os filmes de culto são feitos para puros amantes de cinema, pessoas que não vêm filmes para passarem umas horas distraídos ou simplesmente para passar tempo. Vêm-nos com extrema atenção independentemente da sua duração ou do trabalho que possa dar. Vêm-nos pelo gosto do cinema em si e não como uma mera forma de diversão. É apenas assim que os distingo.

-Contudo, acho errado o estereótipo criado por grupos elitistas que se dizem identificar somente com filmes de culto de que "As grandes produções" são lixo.
Não é preciso ir muito longe para encontrar grandes produções fabulosas e filmes de culto deprimentes. Um filme sem facilitismos não tem necessáriamente de ser bom e um filme com facilitismos não terá, por sua vez, que ser mau. Há de tudo em todo o lado.
Citando e adaptando uma frase proferida pelo compositor e pianista de Jazz Duke Ellington sobre música para ao cinema : "Só existem dois tipos de filmes: Os bons e os maus"

- Em relação à ultima questão levantada no post do professor, há um caso que, na minha opinião, é o exemplo mais expressivo da junção de arte, negócios e entretenimento: O Cineasta (com C grande) Quentin Tarantino. Filmes como "Reservoir Dogs", "Pulp Fiction" ou o recente "Inglourious Basterds" são obras de arte que roçam o sublime (se é que não o passam) e que rendem milhões e milhões e milhões de dólares. É o melhor exemplo que encontro para refutar o estereótipo pretensioso dos cinéfilos mais elitistas.

P.S

Esse estereótipo, apesar de errado, tem alguma "razão"de ser. É de esperar que a percentagem de filmes de culto bons seja muitissímo superior à de grandes produções boas. Não só pela quantidade mas também pela intenção com que são feitos. Não é a afirmação "É mais provável encontrar filmes bons na cinemateca que no cinema" que considero errada mas sim a "Não se encontram filmes bons no cinema actual".

Para terminar o meu post, deixo umas questões em aberto como sugestão de um tema a tratar:
- Mas o que são, afinal, filmes bons? Será legítimo realizar comparações objectivas entre objectos de apreciação?

P.S 2 - Alguém conhece algum filme interessante e que possamos ver na aula sobre o problema da beleza? Acho que é um tema interessantíssimo que podiamos, no futuro, explorar.

Prisão Perpétua

Depois de ler todos estes posts sobre a pena de Morte não consigo ficar indiferente.
Começo já por falar do ridiculo da pena máxima em Portugal serem 25 anos, entao eu pergunto: Um criminoso que mate 5 pessoas merece exactamente a mesma pena que um que mate 50? NAO. Neste caso sou a favor da prisão perpétua, pois essa pessoa que tirou a vida a outras 50, por muito arrependida que esteja, fez mal, e há coisas imperdoáveis. Nao vai ser o arrependimento que vai apagar a dor e o sofrimento das famílias dessas vítimas, já para não falar do futuro das mesmas que pura e simplesmente ficou comprometido, devido a um acto de vandalismo.

A meu ver, o criminoso deve ser punido, talvez para o resto da sua vida, e não é matando-o que vamos resolver o problema. Acreditem, nao há maior frustração que ficar preso em quatro paredes para o resto da vida, e acho que isso sim, era merecido. Chamem-me intolerante, o que quiserem, mas ponho-vos esta questão: Um homem entra em vossa casa e mata a vossa família, pais, irmãos, avós etc. mesmo considerando que não estava na sua plena consciência e que possui sérios distúrbios mentais, a conclusão é que os matou, e isso ninguém muda. Pergunto-vos se dariam uma segunda oportunidade a essa pessoa, se mesmo ao fim de 30, 40 anos ele se arrependesse, se lhe davam essa segunda oportunidade, sabendo que destruiu o que vos era mais querido. Eu nao. Por mim apodrecia o resto da vida na cadeia. Sendo completamente contra a pena de morte porque não cabe ao Estado decidir matá-lo, não é o Estado que suporta a dor e a angústia da morte dos meus familiares, SOU EU.

Digo-vos ainda que em alternativa a prisão perpétua, devemos reeducar o criminoso, de maneira a poder reeintegrá-lo na sociedade, é absolutamente ridículo. As pessoas não mudam, uma pessoa que mata outras 50 nao muda. Se é por doença,se é por prazer, que seja. A verdade é que as matou, e isso merece um castigo à altura. Ele merece sofrer assim como sofrem as famílias desses inocentes.

Se não foi dada uma segunda oportunidade a essas pessoas, porquê ser dada ao criminoso? O tempo não nos muda, só nos desvenda, um criminoso será sempre um criminoso. Concordo que há casos e casos e que cada um deve ser analisado exaustivamente, e a sua punição deve ser bastante ponderada. Contudo, reforço tudo o que disse. Se o melhor castigo for condenar a prisão perpétua, então que seja, pois aí ele vai sofrer. Nada apaga o que ele fez.

Posso parecer vingativo, intolerante, o que quiserem, a verdade é que em certos casos não sao merecidas segundas oportunidades e tal como eu vou ter que suportar a dor da perda da minha familia para o resto da vida, também o criminoso tera que ser punido para o resto da sua vida. E nãoo se esqueçam que por vezes, matam por prazer ou por vingança e nao por "doença".


Garrett

Resposta aos últimos posts do Gonçalo e do Vasco

E viva o determinismo biológico! Vocês não sabem mas lá no fundo são todos deterministas xD


O Vasco tocou, a meu ver, na grande questão a discutir sobre a pena de morte e todo o sistema penal. A pergunta é fácil: Para que serve este?

Em primeiro lugar, e penso que nisso todos concordamos, é para que não haja mais problemas causados por a pessoa que vai presa. Ou seja, é uma forma de prevenção.
Mas essa prevenção deve ser feita evitando que as pessoas que cometeram o crime voltem para a sociedade? Ou dando a oportunidade de mudança de conduta a essas pessoas em troca de liberdade?

A meu ver, a resposta à primeira pergunta é um explícito não e a resposta à segunda é um forte sim!


Não é por acaso que digo "pessoas que cometeram um crime" em vez de "criminosos":
David Sloan Wilson, um conhecido evolucionista moderno, diz com muita razão “que todos somos potenciais sociopatas”; e tenho poucas dificuldades em imaginar a generalidade dos psicólogos a concordar com esta afirmação. Ninguém está à nascença geneticamente definido para ter determinados comportamentos, trata-se de uma articulação entre o que nos é inato e o que é adquirido por estímulos (ambiente, educação, possíveis traumas, etc…) que se insere nos tão vastos sistemas de equações da nossa vida já aqui referidos.
Esta relação genes/estímulos não existe só nos humanos como também nos animais. Um exemplo: um bebé gorducho terá menos apetite em adulto que um bebé magricelas porque o estímulo lhe está a indicar que vive num meio rico em alimentação (e viva a evolução!). Da mesma forma que, em geral, ambientes de escassez e desigualdade levam a atitudes competitivas de luta pela sobrevivência ao contrário de ambientes de abundância e igualdade, que levam ao desenvolvimento cultural e à colaboração.
Assim, com estímulos certos (aliás, errados), todos nós nos podíamos ter tornado em pedófilos, violadores, ladrões ou assassinos. (eu diria que para os primeiros dois crimes poderia bastar um grave trauma sexual, como ser violado ou vitima de pedofilia, e para os últimos dois bastava, certamente, a escassez de alimentos e uma forte probabilidade de morte de quem nos é querido).~


Com base nestas ideias eu diria que o melhor sistema penal possível começaria na mudança do panorama social (não é por acaso que há mais crimes em bairros sociais, e não me digam que é uma questão de genes!), a melhor prevenção possível.
Depois, a total proibição da pena de morte e da pena perpétua, visto não serem medidas de mudança comportamental, mas antes vestígios do nojo que são as ideias nazis do “determinismo genético”.

Por fim, uma mudança geral de todo o sistema de atribuição de períodos de encarceramento. Em vez de serem definidas penas tão fixas penso que seria justo haver reavaliações frequentes e acompanhamento contínuo do estado psicológico de todos os prisioneiros para ver se os seus crimes foram algo que se deveu a uma situação momentânea ou se há probabilidade de ocorrerem outra vez. E claro que tudo isto teria de ser bem articulado com a gravidade do crime (release the junkies!! xD).

O Gonçalo deu o tipo de exemplo que resulta muito bem para defender a pena de morte: um puto entra na escola e mata os seus colegas todos. Não sei se tens reparado nos casos que costumam aparecer, mas geralmente o puto com a arma costuma matar-se a si próprio no final. Não é por acaso, é porque se tratam de crianças com sérios problemas mentais (certamente com uma boa parcela genética) que vivem num outro mundo cheio de solidão, ódio e medo.
Não sei se reparaste também que estes casos costumam aparecer em duas zonas geográficas: nos EUA e nos países nórdicos da Europa. Curioso que se tratem exactamente dos países em que a intolerância face à diferença, a competitividade, o rigor e a disciplina são levados mais ao extremo... não é? Eu próprio acho que se vivesse numa escola com estes ideais virava maluquinho..


Abraço!

PS: Começo aqui a deixar algumas bases para a minha ideia do determinismo, mas não quero escrevê-la aqui completa antes de ter a oportunidade de explicá-la na aula.

"E o filme que vimos"...

Antes de mais, no que diz respeito ao tema debatido nos últimos comentários... não tenho muito mais a acrescentar. Creio que já disseram mais ou menos aquilo que eu penso - a pena de morte não é solução, a prisão deve ser um local de redenção e reabilitação, não apenas um instrumento de... punição.

Quanto ao assunto que o professor lançou "há alguns posts", discordo desde logo da formulação de algumas questões, nomeadamente a que se segue: "Será possível a conciliação entre estas duas formas de fazer cinema, ou seja, aquela que se pretende uma arte e aquela que é fundamentalmente um negócio?". Para mim, todo o cinema é fundamentalmente negócio e, no geral, pretende-se uma arte - simplesmente há diferentes públicos-alvo a cativar e visões distintas daquilo que constitui "arte". Quando muito, podemos considerar a existência de filmes destinados "às massas" e filmes de expressão reduzida destinados a públicos considerados mais "selectivos" - uma "elitização" que me desagrada profundamente.

Este tipo de discriminação é perigoso. Há filmes... e filmes - o blockbuster The Dark Knight foi, a meu ver, um dos melhores filmes do ano passado, enquanto o Belle Toujours, de Manoel de Oliveira, foi um sonífero exemplar. Já o G.I. Joe, outro blockbuster, foi terrível; e o Smoking, que vimos na última aula, foi excelente.

Esta questão é semelhante às que se debatem exaustivamente noutras indústrias (sendo a autêntica batalha "música dita "underground"/"indie"" vs. "música popular" o expoente máximo dessas discussões), e acabam por ir dar sempre ao mesmo - minorias consideradas elitistas/informadas vs. maiorias consideradas tacanhas e sem personalidade. Resultado? Clivagens ainda maiores entre as ditas "elites" e o dito "povo". Tudo por causa de rótulos sem grande nexo...

Quanto à questão de Hollywood, com a crescente globalização e as crises económicas frequentes, que levam ao aumento dos custos de produção em território dos EUA e diminuição no resto do Mundo, assistimos a uma gradual descentralização da indústria - por algum motivo vamos ter uma espécie de "cidade do cinema" em Portimão e já há estúdios semelhantes em Marrocos, Espanha, Reino Unido...

Reparem como ouvimos falar cada vez mais de filmes britânicos, espanhóis, mexicanos, franceses... bem, filmes de praticamente todas as nacionalidades, menos portugueses (a não ser que tenham cenas de sexo escaldante, mas desses filmes só mesmo nós, portugueses, é que ouvimos falar).

Pedro Almodóvar, Penélope Cruz, Benicio del Toro, Marion Cotillard, Guillermo del Toro, Julian Schnabel, Michel Gondry, Park Chan-wook... é uma indústria a espalhar-se pela América do Sul, pela Europa, pela Ásia. Hollywood pode ter o glamour de sempre, mas está a perder, gradualmente, o seu aparente monopólio. Porque sempre houve cinema para lá de LA. Mas só agora é que esse cinema começa a ser verdadeiramente (re)conhecido.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Também sobre a pena de morte

Nestas coisas a filosofia dá-nos jeito. Embora as possamos discutir com paixão, a serenidade crítica é um bem muito precioso. Daí a Filosofia.

Por vezes estas questões ( e outras) abrem um campo fértil para demagogia. Hoje estive a ler que os benficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) são menos de 4% dos cidadãos portugueses. Que o referido RSI é 90 € por cabeça ou de 180 por casal, com mais 50 por cada filho. No limite, um casal com 4 filhos receberá a espantosa fortuna de 380€ mensais não sei quantos milhões de vezes menos do que o estado gastou para nacionalizar o BPN para cobrir as falcatruas do Oliveira e Costa, do Dias Loureiro e da rapaziada afim. No entanto, houve um partido que passou toda a campanha eleitoral a falar dos parasitas e dos privilegiados do RSI. Talvez para se esquecer de histórias menos edificantes com submarinos e fotocópias roubadas e histórias obscuras de sobreiros.

Vem isto a propósito das questões colocadas pelo Gonçalo relativas à pena de morte. Aparentemente parece um raciocínio inatacável: cometeste um crime hediondo, logo não mereces viver, por isso deves morrer. Mas, se pensarmos mais serenamente poderemos colocar a seguinte questão: quem administra a Justiça? Seguramente, o Estado. E qual o dever do Estado? O Estado tem que proteger a vida de todos os cidadãos independentemente das circunstâncias. Esta é uma questão central que se sobrepõe a todas as situações concretas. Foi por isso que a pena de morte foi abolida pelo Estado Português no século XIX. Já não vou referir os argumentos da Mariana e do Vasco que me parecem muito pertinentes sobre as questões da justiça e da vingança, da possibilidade de redenção ou dos trágicos erros judiciários. Apenas, refiro este argumento: o Estado que é o único administrador reconhecido da Justiça, não tem nenhuma legitimidade para condenar alguém à morte e aplicar ( no caso dos EUA de uma forma profundamente cruel diferida no tempo) uma sentença que ela próprio determina. Ao igualar-se ao criminoso, o Estado torna-se em si próprio num criminoso.

PS: Vasco, gostei bastante do discurso que redigiste para leres na 6ª feira.

Jorge

25 anos = Umas ferias prelongadas

Bem, para começar não considero este trabalho a minha opinião, pois foi-me dito que o discurso era sobre a opinião de portugal em relação à pena de morte. Apesar disso sou totalmente contra a pena de morte, e orgulho.me bastante de portugal ter sido um dos primeiros países a abolir a pena de morte.

Penso que estamos totalmente de acordo que há crimes (homicidios, violações, pedofilia, etc...) que são totalmente barbaros, de uma crueldade tal que nos leva todos a dizer:

- Morte a esse Cabr... !!!

- Vamos lixalo com o "F" maior do mundo !! (ai ai senhor professor)

Mas isto é a primeira impressão, o que é totalmente errado, porque assim estamos a tornar-nos um deles !
O que acontece nos nossos dias é que a prisão, é uma "gaiola" para onde são atirados para la todos esses criminosos e não é de maneira nenhuma um local de reaprendizagem e reintegração, como devia ser.

Um dos aspectos que gostava de ter desenvolvido mais no trabalho é a cerca da pena máxima que pode ser atribuída em Portugal, 25 ANOS ?! isso é passar umas ferias prolongadas, com tudo pago e de vez em quando uns trabalhitos forçados. Acho que se queremos aplicar castigos mais pesados devemos aumentar o numero de anos passados numa prisão(não me perguntem se defendo a prisão perpetua, pois não sei responder), e nunca a pena de morte, pois uma das melhores maneiras, a meu ver, para reentregar alguém que cometeu um crime é começar pelo seu arrependimento, só assim é que o criminoso vai compreender melhor o sofrimento que causou, e deste modo mudar.
Não é com a sua morte, que alguém se vai arrepender, apenas via haver alguém que vai sentir um pequenino sentimento de vingança, mas que nunca irá compensar o sofrimento que causou.

Quem é que decide quais são os casos muito maus onde as pessoas nem merecem viver ? Quem é que as Mata ?

Com que direito é que dizemos que vamos matar um homem porque ele não respeitou os direitos humanos e logo a seguir matamo-lo ?! Simplesmente não faz sentido...

Vasco Francês
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