domingo, 29 de novembro de 2009

The Man Who Shot Liberty Valance

Achei esta iniciativa excelente. Ver filmes conjuntos com Linguagens e Cinema e fazer debates abertos não só divulga as disciplinas para 10º's e 11º's como possibilita-nos um maior debate com mais pontos de vista (como por exemplo a intervenção de um professor a falar da temática do amor, se assim não fosse acho que não nos lembrariamos de lá chegar...) e ainda a possibilidade de ver filmes não na sala 37, não na sala 1, mas no auditório :D eheh

Quanto ao filme em si gostei imenso, dos melhores que já vimos este ano, contrariando assim a maior parte dos filmes Western's que já vi (nenhum de John Ford que me recorde). Talvez por terem sido feitos muitos na época acaba por haver muitos filmes Western's mas poucos filmes Western's bons, ou isso, ou vejo sempre os errados :P

Beijinhos Zeca

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Rebel Rebels

Hello! Fiquei a pensar no que o professor nos perguntou hoje: "será que devemos "entrar dentro" do sistema, para nos revoltarmos contra ele mesmo correndo o risco de ser engolidos; ou pelo contrário devemos manter-nos à margem do mesmo, correndo o risco de sermos infensivos?"
Bem, acho que definitivamente a primeira hipotese é a melhor. Na minha opinião, não há melhor maneira de originar uma "revolta" ou uma mera mudança do que demonstrar que alguma coisa está errada do que mostrar a sua ineficácia ou absurdez, especialmente no que toca "sistemas". É verdade que fiquei bastante entusiasmada quando descobri as greves de zelo!
Por exemplo, acho mais útil uma pessoa estudar para poder vir a dizer algumas verdades na assembleia, do que tornar-se um punk, fugir de casa, abdicar de todas as tecnologias, e juntar-se com outros semelhantes tentando mostrar ao mundo o seu modo de viver fora do padrão.. É claro que, para além de este ser um exemplo infantil, estou a falar de um caso individual, mas acho que o mesmo se aplica ao colectivo.


Agora sim (sorry feijó), explorando um pouco mais, parece-me que quando pertencemos à facção da revolta tentamos de uma maneira ou outra mostrar o nosso ponto de vista contra: sendo a partir de dentro ou fora o nosso objectivo é sempre alertar os outros para o que nos parece errado. No entanto, quando o fazemos a partir do interior, dentro do sistema envolvemos as pessoas que a ele e a nós estão ligadas. Enquanto que quando actuamos do lado de fora, à margem tentamos chamar a atenção para a nossa alternativa na esperança de que se convençam com ela.
Ora, imaginemos que estamos a lutar contra um comodismo-facilitismo instalado. Não restam dúvidas que o primeiro método seria muito mais eficaz!
Mas a questão de ser engolido pelo sistema continua a manter-se..

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

votaçao encerrada?

Desculpem lá fazer um post com isto mas porque é que a votaçao do melhor filme está encerrada? :'( eu ainda nao votei por exemplo...


maria

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O grande tsunami (primeiro post)

No decorrer das ultimas três semanas vimos do meu entender vimos dois excelentes filmes. O primeiro que gerou muita controvérsia, o Sweet Movie e o segundo foi Die wessel (A onda). Em relação ao primeiro filme apenas posso dizer que após um segundo visionamento do mesmo e uma grande discussão com a minha mãe (sim com a minha mãe) apercebi-me que muitas das mensagens que o realizador nos queria transmitir eram relacionadas com a altura. Aliás muitas das cenas que nos pareceram absurdas no filme, na altura eram perfeitamente normais e e tinham um significado muito importante. É preciso também frisar que nesta altura a maior parte dos realizadores não produzia os seus filmes nos seus países porque era proibido.
Em relação A onda eu só tenho a dizer que de longe é o melhor filme que vimos nas nossas aulas e que no meu caso me marcou imenso. O filme em si tem uma boa temática e monstra-nos que na nossa sociedade ainda é possível que aconteçam coisas destas a torto e a direito.A cena final do filme, quando está tudo sentado no anfiteatro é brilhante. Quando o professor pede aos alunos o que se deve fazer ao "traidor" e estes quase que dizem para o matarem é de facto o que mostra como as pessoas ficam cegas e não conseguem ver e ouvir nada se não as ordens do líder. E isso é o que leva ao rapaz a suicidar-se visto que a o programa acaba e ele fica sem um propósito de vida. Quando o filme acabou e começámos a debate-lo fiquei chocado quando me disseram que o fascismo é bom. O fascismo nunca foi bom e nunca será, os supostos líderes que são muito bons e lutam pelas liberdades do povo, acabam por ficar sempre com "sede" de mais poder e controlo.

Já que a maior parte das pessoas agora gostam de ver filmes que não são de hollywood proponho que vejam 3 filmes 2 franceses e um japonês:
- A residência espanhola( L'auberge espagnole) realizador:Cédric Klapisch
-As Bonecas Russas( les poupées russes) continuação da residência espanhola também do mesmo realizador
- O túmulo dos pirilampos: um filme de animação japonesa sobre um rapaz e a sua irma pequena no final da segunda guerra mundial quando os americanos bombardeiam o Japão realizador:Isao Takahata

Lúcio

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Comunismo, eleições para a associação de estudantes, etc.

Queria fazer dois reparos:

1- Eu sei que o pessoal anda entusiasmado com as eleições para a Associação de Estudantes, o que, aliás, é absolutamente legítimo, mas gostava que afastassem essas eleições do nosso blog, designadamente com apelos a participação nos debates, que são convites velados a votar numa determinada lista. Tenho alunos nas duas listas e estou completamente afastado, como calculam, das vossas disputas eleitorais.

2- Gostava que mantivessem o debate sobre ideologias com o nível elevado que teve nas duas últimas aulas. O post do Garrett baixa drasticamente o nível da discussão. Não é dele, tem um sentido de humor rasca e datado e não questiona nada de nada sobre a ideologia comunista. Queria recordar-vos que a nossa discussão não se centra em questões políticas concretas, do partido A ou B, do governo A ou B, mas do grande corpo de ideias que determina o rumo do pensamento político da actualidade. Para os que são do 12º C, devem lembrar-se que existem diversas dimensões na política (falámos sobre isso há dois anos): a que nos interessa enquanto estudantes de Filosofia, prende-se com o debate sobre as grandes opções de fundo de cariz político.

Jorge

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Muito humor e pouca conversa

Bem Garrett é pena não teres dito afinal o que defendias, sinceramente é um pouco difícil de entender. Não quero de forma alguma defender o comunismo, apenas tenho atenção á forma como digo as coisas, e ter a certeza de que todo o que digo está 100% correcto.
Penso que para além de criticares o comunismo tens de respeitar quem é a favor do mesmo, conseguias fazer muito melhor que isso. Principalmente tem atenção ás ofensas, as coisas podem se ditas mas subtilmente, teria muito mais valor e não poderia ser criticado. Outra coisa, com tanta critica deu-me a ideia de estar algo vago, ou seja, houve criticas muito forçadas, criticar só porque sim.
‘A não ser que essas pessoas sofram de estupidez crónica, que é como quem diz pertençam ao PCP.’; ’Os dinossauros do PCP, apesar de serem estúpidos não são burros.’ Era completamente desnecessário, só mostra uma grande pobreza de discurso. Se soubesses argumentar bem não terias de ofender.
Nem todos os jovens apenas querem saber de drogas, álcool, rock e gajas boas. Há quem se interesse por política, por ideologias. É verdade que o avante tem mais droga e álcool do que propriamente política. Mas tu estás a criticar isso, mas depois contradizes-te dizendo que aqueles discursos eram desnecessários, que se é festas que se deixem de lado os discursos. Porque não dizes ao contrário? Enfim.
Sou sincera, perco-me no teu discurso, parece-me demasiado ‘humorístico’.

P.S: Segundo me consta, há muito tempo que o Carlos Carvalhas não discursa no Avante ;)

No fundo o teu comentário baseia-se em chamar alcoólicos, drogados, estúpidos e afins, aos apoiantes do PCP, certo?

Deixa lá as gajas boas e o álcool e foca-te mais na política ;)

Sobre o Comunismo

Texto humoristico sobre o comunismo (que melhor o descreve):

"O comunismo nunca funcionou por uma simples razão: é muito roto. Segundo esta filosofia o ser humano médio é uma pessoa altamente, cheia de valores e tal, e que nunca vai tentar prejudicar os outros pra meter ao bolso.
Se Marx tivesse sido meu contemporâneo tinha levado tamanha sova que se tornava logo fascista e veria a realidade: as pessoas, em geral, são uns cóinas.

Posto isto, e após quase 90 anos de existência prática de comunismo, com alguns genocídios e massacres pelo meio (derivados da frustração de certos líderes comunistas que não conseguiram fazer os seus súbditos perceber a ideia de que toda a gente é igual. Se não és igual, morres.), parece que finalmente as pessoas se começam a aperceber que é um conceito do jurássico e que nunca vai funcionar.
A não ser que essas pessoas sofram de estupidez crónica, que é como quem diz pertençam ao PCP.

Os dinossauros do PCP, apesar de serem estúpidos não são burros. Cedo perceberam que a juventude não quer saber de ideais ou de revoluções banhadas a sangue e glória. O jovem quer é sexo, drogas e rock and roll, ou a versão portuguesa desta máxima: putas, tinto e Quim Barreiros.
Diz-se que nalgum comício do PCP perdido nas páginas da história, um iluminado comuna chegou a esta conclusão e inventou a festa do Avante!.
O habitual chico esperto diria: "Oh Mete Nojo, tens aí um erro na frase. Tens um ponto de exclamação seguido de um ponto final". Não, meu estreptococo fecal, a festa chama-se mesmo assim, com um ponto de exclamação no fim.
O PCP pôs o ponto de exclamação para passar a ideia de emoção, dramatismo e ímpeto revolucionário... Que falhados. A única revolução que se passa no Avante é aquela que 30% dos manfios que lá vão têm no estômago depois de fumarem um canhão, beber meio garrafão de tinto e ouvirem o Carlos Carvalhas a discursar.

Discursar? Sim, leste bem jovem ignorante. No Avante! há quase tanto discurso político como ganza, e conhecendo os discursos do habitual militante do PCP, não me consigo decidir qual dos dois dá mais pedrada.

"Mas se é uma festa, porque tem de haver discursos políticos para estragar tudo?" é a pergunta que surge na cabeça de qualquer pessoa que saiba apertar os sapatos.
Não conhecendo nenhum membro do PCP, apenas posso especular, mas suspeito que existam pelo menos duas razões:

1.- O militante do PCP precisa de ouvir as balelas políticas obsoletas que sempre ouviu, pelo menos de 2 em 2 horas. Caso contrário sofre um choque anafilático e o partido passa a ter só 23 membros. A velha piada da cassete comunista tem o seu fundo de verdade, pois o verdadeiro comunista tem sempre consigo um walkman com os discursos de Lenine acerca do poder do proletariado e da igualdade entre camaradas, que ouve todo o par de horas, tal e qual um diabético toma a sua dose insulina.

2.- O militante do PCP é mais proselitista que uma testemunha de Jeová, e é incapaz de deixar as pessoas divertirem-se em paz sem tentar enfiar máximas comunas pelos ouvidos do jovem drogadito. As chefias do PCP esperam que o elevado nível de THC e álcool no sangue dos participantes do Avante! os leve a pensar que o que estão a ouvir é a filosofia que lhes vai dar significado às suas vidas vazias. Infelizmente para os PCs, o efeito só dura 3 horas e depois os jovens voltam à sua apatia política habitual.

Resumindo e concluíndo, o Avante! não merece o esforço. Se queres um encontro de gajos mal vestidos que valha a pena vai antes ao encontro motard em Faro. Ninguém te tenta espetar ideologias políticas no cérebro e ao menos as gajas que sobem ao palco são boas. No Avante! é a Odete Santos."

:)

Have fun,

Garrett

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Debate de 11/11

Reitero o apelo do Pedro - participem no debate de hoje à tarde! Não se limitem a ficar parados, à espera que tudo se resolva por obra e graça... de alguém ou Alguém. Porque é graças a raciocínios desse tipo que Portugal está como está... e já há uns séculos.


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Debate entre Listas candidatas à AE

Na esperança de alguém ainda aqui venha ver este blog à hora de almoço (not likely), venho fazer um último apelo a que se juntem a nós e venham ao debate entre listas candidatas à AE que vai acontecer:

HOJE ÀS 17H00 NO AUDITÓRIO

Também queria pedir ao Rodrigo que depois pusesse aqui o cartaz ;)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Proposta

A meu ver as discussões relativas à política não estão a correr muito bem.

As intervenções são bem mais reduzidas, nota-se que o pessoal não está tão à vontade com o tema e que os filmes exigem uma maior capacidade de abstração, de conhecimentos políticos e principalmente vivências políticas. (tal como o stor disse, para a geração dele este último filme talvez fará mais sentido, pois viveram em regime fascista e numa época onde o comunismo tinha outra dimensão, onde este era a grande utopia)

Com isto não proponho que desistamos já, nem que alteremos forçadamente o tema dos filmes devido a isto, penso sim que devemos fazer uma pequena pesquisa em casa para estarmos mais alucidados com o tema, que escolhamos filmes mais acessíveis ou que façamos/o stor faça, uma breve apresentação/explicação sobre o filme. (como o caso do queiroz quanto ao sweet movie, ajudou bastante e fez-me perceber relativamente bem o filme e o porquê de todas aquelas cenas, mostrou o significado e bla bla)

Com isto tudo, proponho que se faça uma breve apresentação das ideologias políticas.
O pessoal vai à net, à wikipédia, pergunta aos papás, vai onde quiser informar-se um pouco sobre política e tentar perceber na sua opinião qual a ideal (ou menos má) e com qual se adapta. E assim fazer uma breve apresentação da sua ideologia, o que defende e bla bla, e depois das várias apresentações poderia surgir um debate. Preferencialmente poderia ser o pessoal que já tem as "suas ideologias" a apresentá-las, ou até apresentar outras que se oponham mas que conheçam bem (sendo imparciais na apresentação)
Para o debate que daí provinha, até podiamos fazer como no debate da pena de morte, "arranjar personagens". Dividiriamos a turma pelas várias ideologias, as que têm menos defensores ou apoiantes seriam apoiadas e defendidas por pessoas que na realidade não as apoiam (caso dos meninos dos U.S.A. anti pena de morte que a defenderam com unhas e dentes) de forma a termos um debate equilibrado com sensivelmente o mesmo número de representantes em cada ideologia.

Que me dizem malta? Que me diz o prof? Penso que seria bom para o pessoal começar a pescar mais de política. Contudo não gostaria de colocar nenhuma aula sem filme, pois as aulas são poucas e filmes é o que não nos falta.

Beijinhos do Zeca "O Pastor"

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Todos os filmes que digam sweet são assim! não acreditem nos rótulos! hehe)

Estou baralhada. Começo a concordar com várias coisas opostas. Sei que, por ter passado algum tempo, estou a suazivar as coisas um pouco na minha cabeça, mas sei o que senti e pensei durante o filme. O filme corria e eu só pensava "GRATUITO", tal que foi a primeira coisa que disse.
However, admito muito, que nao percebo muito, ou quase nada de política. Portanto expliquem-me! Peço-vos o favor (Queirós, Rodrigo e Feijó) de pesquisarem, pensarem, e de me dizerem. Façam um apresentação oral, antes mesmo do debate (ou vá, durante), e tentem não se perder muito - com interpretações de pequenos pormenores; - foquem-se na generalidade, expliquem-me o que entendem nas coisas mais proeminentes e importantes. Expliquem-me o objectivo. Posteriormente chegaremos às suposições mais forçadas. Eu vou ouvir e depois pensar.
Agora: O filme era excessivo. (ponto) agora se esse desconforto era necessário..?, debateremos!, mas ninguém pode negar o excesso. (btw, deve ser para maiores de 18 ~- e havia pessoas com 16 na aula! :O, xD) Sugeri, (porque tenho a tendencia de arranjar sempre soluçoes muito diplomáticas para agradar a gregos e troianos), que as cenas se mantivessem, para causar o tal sentimento considerado indespensavel, mas com menos tempo. Talvez assim passasse a idéia de exagero sem ser simplesmente "too much" - Obviamente que estou a falar com o realizador, xD.
Sem querer repetir o stor, acho que realmente o filme já serviu para debater alguma coisa. Os limites do cinema. Existem? Quais, o que é correcto para transmitir uma mensagem?

É tudo até compreender. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Será?? Humm...

mary

domingo, 8 de novembro de 2009

Palombella Rossa



Aqui vai um excerto do filme de Nanni Moretti que vamos ver na próxima 3ª feira.

Jorge

sábado, 7 de novembro de 2009

Sweet Movie e Strip-Tease

Penso que foi Roland Barthes, o teórico francês dos anos 60/70, que disse que a leitura de um texto era uma espécie de strip-tease das palavras em que casa um imaginava o que queria. Isto aplica-se a todas as obras de arte, incluindo o cinema.

Este debate é excelente porque nos permite constatar de forma prática, uma coisa de que temos a certeza teórica: as virtualidades e limitações da crítica de cinema. Apaixonamo-nos ou odiamos com a mesma intensidade um objecto artístico e muitas vezes sentimo-nos tristes, por alguém de quem muito gostamos ter uma opinião oposta. Mas esta é a natureza da crítica como uma apropriação subjectiva fundamentada do objecto.

Não quero tomar partido na polémica sobre o filme. A discussão é inesgotável, uma vez que podem ser sempre alinhados argumentos a favor ou contra relativamente ás teses em confronto. Pensem que a fronteira entre a metáfora profunda e a provocação gratuita é tão ténue que, às vezes cabe apenas nos nossos desejos. A linha que separa a desconstrução genial da ausência de ideias é muitas vezes indescernível. Assim como a fronteira entre o arrojo e o kitsch. Entre a reflexão profícua e a banalidade que apenas quis chocar. Já sabem qual é a minha posição sobre o filme, expressei-a na aula, não voltarei ao assunto.

Mais importante do que entrar na «guerra» sobre a qualidade do filme era referir dois ou três aspectos relevantes com ele relacionados. O primeiro prende-se com a natureza da crítica e já foi acima abordado; o segundo relaciona-se com as questões políticas aparentemente alvo da leitura do filme e que merecem uma nova reflexão (designadamente a questão do comunismo a que voltaremos no próximo filme); finalmente a contextualização deste filme nos anos 60: eram vulgares os filmes chocantes de natureza escatológica escabrosa ou temática desconstrutivista: lembro-me dos filmes do cineasta espanhol, Fernando Arrabal que eram praticamente manchas de cor, os estruturalistas franceses com argumentos herméticos e diálogos incompreensíveis (Alain Robbe-Grillet), os filmes surrealistas de Buñuel (espero mostrar-vos lá mais para diante A Via Láctea, sobre a história do cristianismo) e os filmes chocantes de cineastas italianos como Pier Paolo Pasolini e Marco Ferreri. Há movimentos semelhantes nas outras formas de arte e também na filosofia, com resultados diversos.

Queria, em conclusão, felicitar o João Queirós. Conseguiste, com o filme que escolheste, criar uma bela discussão!

Jorge

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sweet? Não vi

Ola! Desculpem só postar agora mas não tenho tido muito tempo, e apenas tinha lido os posts dos outros. Quanto ao filme devo dizer que considero-o o pior filme da minha vida. Por várias razões. Primeiro acho o filme um "nojo" excessivo, pois a Laranja também tinha cenas destas mas aguentava-se bem. Segundo acho que o filme é demasiado profundo, ou seja, o seu sentido é demasiado dificil de perceber (não estou a dizer que o realizador não o possa fazer, ele faz o que quiser), e por isso não devemos ir buscar ideias muito forçadas do filme da primeira vez que o vimos, este é daqueles que é preciso ver muitas vezes.

Acho também que este filme não retrata muito bem a extrema direita e extrema direita, visto que uma pessoa que veja este filme e não saiba nada de política vai entender que no comunismo o que as pessoas faziam eram aquelas cenas todas nojentas, o que apesar de ser verdade, pois eles faziam mesmo isso, não é esse a verdadeira e mais importante face da extrema direita ou esquerda. Por isso, acho que existem melhores maneiras de mostrar estas políticas que façam as pessoas entender.

Contudo e apesar de não ter gostado do filme, acho que o senhor realizador tem todo o direito de fazer este filme, da maneira como quiser, sobre o que quiser e com o sentido que quiser. Agora nem toda a gente precisa de gostar dele. E como já disse, temos de ver este filme mais vezes e com mais atenção para percebe-lo. Já agora, desculpem lá, mas Feijó, Queirós e Rodrigo, acho que as vossas explicações e teorias estavam a ser um bocado rebuscadas.

Gonçalo
Abraços e Beijinhos

PS: Mas concordo que nós continuemos a trazer filmes, e até acho que o Queirós fez bem em trazer este filme.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Oh Sweetie.. nobody understands you..

Em grande parte o Rodrigo Dias disse o que eu ia dizer, por melhores palavras ainda.

Considero Sweet Movie um filme brilhante, provavelmente um dos meus filmes preferidos (e digo provavelmente porque ainda o vou ver umas quantas vezes).
Para os que conseguirem ultrapassar a barreira da obscenidade “excessiva”, trata-se de um filme cheio de conteúdo. Um filme em que o significado das metáforas presentes não te é dado coberto de facilitismos, exactamente porque o significado de cada elemento só vale no conjunto de todos e porque é necessária alguma (bastante) cultura política para a compreensão das ideias transversais às cenas.

Hei-de vir cá fazer uma análise mais profunda de alguns elementos do filme, mas por enquanto deixo apenas a minha resposta às criticas que foram apresentadas.

Penso que a principal pode ser apresentada assim:
O Sweet Movie não tem qualquer tipo de significado, trata-se apenas de uma sucessão aleatória de acções nojentas numa tentativa de chocar o público para que o realizador se possa afirmar diferente. É uma “pseudo-obra prima”.
Esta leitura parece-me simplista e até arrogante. Não é por alguém não ter percebido o filme que pode dizer que este não tem sentido, simplesmente não o compreendeu!
Acabei de ver o Eraserhead do Lynch. Céus!, não percebi nada! Mas não direi que é vazio de significado, direi apenas que não tenho as bases de matemática suficientes para ler o livro de que o Zé falava.

Quantos não terão dito que o Mulholand Drive é vazio a uma primeira leitura? Quantos não serão os habituados às estruturas Hollywoodescas que negarão a possibilidade de ver beleza na maioria dos filmes que vimos, só porque não estão habituados a concepções diferentes?


A obscenidade é dispensável.
Oh meus amigos e minhas amigas, se isto fosse verdade eu nem estaria aqui a contra-argumentar (ora pensem lá nessa xD).
Não se consegue transmitir a verdadeira essência de um trauma a partir de uma descrição ou de um “diálogo interessante que nos leve um pouco mais além do conhecimento que já possuímos”. E a importância da transmissão destes traumas é enorme! De que outra forma poderíamos perceber a essência daqueles nascimentos? Daqueles estádios sexuais? Daquele ambiente freudiano que é a recusa do que adquirimos por coacção do sistema?

Como disse, virei cá posteriormente escrever mais sobre isto (até porque ainda vou ver o filme outra vez antes), mas por enquanto fica isto e as minhas felicitações ao Queirós por esta escolha! Foi arriscada mas muito boa!


Agora, se me permitem, vou chorar um pouco mais com Marx, antes de ir ter sonhos de açúcar ;)

Beijaços e Abrinhos

Bittersweet Movie

Depois de ter visto hoje o Sweet Movie, de Dušan Makavejev, devo admitir que fui uma das que saiu da sala com uma sensação de repugnância incrível, pareceu-me até incrível que houvesse quem tivesse gostado. No entanto depois do debate percebi melhor o que levou a que a turma se dividisse, e enquanto metade odiou o filme, a outra adorou-o. Não quer isto dizer que tenha passado a gostar, só significa que precisei de o “digerir” melhor.

Provavelmente é preciso ter um grande conhecimento sobre política, que eu não tenho, para perceber todos os simbolismos de que falaram, ou então encontrá-los é só rebuscado, e é, como disse a Matilde, “tentar desesperadamente descobrir simbologias onde elas não existem ou tentar decifrar umas simbologias baratas e através destes dois métodos chega-se à conclusão de que é de culto”.

Mas se o objectivo do filme é passar uma mensagem política, porquê recorrer a métodos tão excessivos? Não digo que o realizador não o possa fazer, claro que pode, mas a sua liberdade criativa não implica que eu tenha forçosamente de gostar do filme e põe-se aqui uma questão de gosto pessoal, como disse o Prof. Neste sentido concordo com o Rodrigo, porque o que imperou foi o nojo, ou o choque, e não a reflexão: de facto, depois da exposição dos argumentos, percebi o “nexo” a que te referes. Mas foi difícil. Ninguém está a pedir facilitismos, mas se o objectivo é haver um debate sobre política, este não é de forma alguma o filme mais indicado para o fazer.

Disse que fiquei mesmo mal disposta durante a cena da refeição dos anarquistas, se assim lhes quisermos chamar, mas não interpretem isso como “foi a cena que mais me chocou”. Não foi. Porque o filme é progressivamente chocante, e depois de ver dezenas de cadáveres a serem examinados, as fotografias e carteiras que estavam nos seus bolsos, haver uma cena tão nojenta como essa só aumentou o meu desconforto.

Marta

PS: Não acho que se deva acabar com a sugestão de filmes por parte dos alunos, e até é bom que haja conflito de opiniões.

Sweet baby jesus, Dusan's going to Hell

A primeira coisa que gostava de dizer é que fiquei com pena de depois do filme ter acabado, o debate ter-se girado à volta do nojo e o choque que o filme causou e não sobre o filme em si. Obviamente que ninguém é obrigado a gostar, atribuir algum valor ou até mesmo perceber o filme, mas faz todo o sentido tentar desvendar o simbolismo inerente a esta obra.

Num filme tão simbólico, meticuloso, rebuscado e complexo como este, todos os pormenores contam, e é de esperar que haja algo menos subtil que corrobore as possíveis interpretações que os espectadores façam.
Olhamos para os diálogos, pouco nos dizem. Ajudam-nos a contextualizar a história e a manter a coerência mas não é aí que jazem os pormenores. Observamos e escrutinizamos as imagens mas nada nos garantem de concreto; é lá que está tudo aquilo que precisamos para compreender o filme mas ainda assim nada nos garante ou corrobora as teses. Onde podemos, então, procurar ajudas?
Fui pesquisar à Internet informações adicionais sobre pormenores técnicos do filme e dados biográficos do realizador e encontrei coisas bastante curiosas:

-A primeira, sobre o próprio realizador, diz respeito à sua formação académica. Dusan Makavajev estudou psicologia na universidade de Belgrado e é-lhe atribuído o título de "professor" nesta cadeira. Daí podemos retirar que as ilacções feitas pelo Pedro Feijó em relação aos estados freudianos da juventude não são de todo descabidas ou forçadas. Antes pelo contrário, o passado do realizador apoia veementemente as sugestões do Pedro, principalmente porque Makajev dedicou-se afincadamente à investigação na área da psicanálise e psicoterapia sexual.

- A segunda, diz respeito à ficha técnica do filme; mais precisamente à banda sonora (porque é que ninguém se lembrou de procurar aqui?!). Aparentemente, o tema "Is there life on the earth?", que nos segue durante várias partes do filme, foi escrito pelo próprio realizador. Ora, num filme deste tipo, onde tudo é importante para a compreensão do filme, como é que nos é possível escapar este pormenor, ainda por cima tendo sido escrito pelo realizador?! Reza assim:

-"Is there life on the earth? Is there life after birth?
Is there life on the earth, is there life after birth?

It's a joy to be alive, it's good to be glad,
It's good to survive, it's great to be mad.
It's fun to have nothing, do things in the nude
Oh it's sweet to be hungry, it's finger-licking good.

Is there life on the earth, is there life after birth?
Is there life on the earth, is there life after birth?

It's a joy to be crazy, it's good to be sad.
It's good to be lazy, great to be bad.
It's good to be lucky, good to practice deadly sins
To die for a cause, to be alive and to win!

Is there life on the earth? Is there life after birth?"

A partir destas palavras podemos retirar muitas coisas sobre o filme e sobre o ponto de vista do próprio realizador. O refrão claramente corrobora a ideia do renascimento, da mística envolta na quebra do ovo e na "adopção" feita pelo grupo anarca de Otto Muehl. Os quatro versos seguintes exprimem a admiração que Makavajev tinha por este tipo de comunidades, "it's a joy to be alive, (...) do things in the nude (...) it's finger-licking good. Passando agora à quadra seguinte, podemos ver o entusiasmo com que Dusan Makavajev vê o comunismo e o estilo de vida do marinheiro Potemkin e de Anna Planneta. Apesar de aparentar repreender este modo de vida o realizador aplaude esta conduta " It's good to practice deadly sins, to die for a cause, to be a alive and to win!" Por outro lado, podemos sempre interpretar esta canção como irónica ou simplesmente descritiva daquilo que os personagens sentem no decorrer do filme. Não deixa, no entanto, de ser um bom guia.


Em relação ao título, Sweet Movie, não podia ter sido melhor escolhido. Um paradoxo total. Sweet Movie, um filme sobre adoçantes, utopias, golpes publicitários e manipulção mental não podia ser mais Sugar-free.

Concluindo:
Um turbilhão de dúvidas, uma tempestade de emoções, uma parafernália (ahah Rodrigo) de simbolos e uma ambíguidade de interpretações. That's Cinema for you all

Sweet-zerland

Eu pertenço à (pelo menos, aparente) minoria que adorou o Sweet Movie, de Dušan Makavejev. Conforme disse na aula, acho este filme um excelente "pano de fundo" para a discussão de questões relacionadas com ideologia política - enquanto a nossa amiga Miss Canada experimenta na pele os malefícios (hiperbolizados) da extrema direita e, posteriormente, as extravagâncias (surpreendentemente reais) da extrema esquerda, o barco da comunista/comedora de crianças nas horas vagas Anna Planeta, com a cara de Karl Marx à proa, avança pelo rio fora. Não são precisas grandes capacidades de interpretação para perceber que é esta a premissa básica do filme - ou, melhor dizendo, esta frase resume a história toda.

Porque Sweet Movie vive sobretudo das imagens, vive de símbolos. Tirando alguns momentos iniciais de diálogos e crítica mais subtis, somos bombardeados com uma hora e meia de simbologia diversa que, a mim, raramente me enojou, antes chocou - mas aqui assumo: não me enojo com facilidade. Pelo menos não com ficção - as únicas cenas verdadeiramente nojentas foram aqueles trechos reais.

Se abandonarmos por breves momentos os nossos eventuais preconceitos contra obras desta índole, se não deixarmos que eventuais sentimentos de nojo ou repulsa nos afastem do filme, conseguimos retirar dele muita coisa - afinal, quantas interpretações diferentes houve para as cenas do açúcar?... E quem fala das cenas do açúcar, fala do renascimento da Miss Canada, ou da cena final, em que as crianças aparentemente mortas renascem a partir daqueles "casulos" de plástico.

O problema, a meu ver, foi o insucesso do segundo objectivo - o nojo foi mais forte e toldou qualquer interpretação. E atenção, eu não estou a criticar as pessoas que não gostaram do filme, de forma alguma. Apenas constato um facto: houve pessoas tão chocadas com o filme, tão enojadas com aqueles pénis dourados e aqueles banhos de chocolate, que nem perceberam bem o nexo de tudo aquilo. Mas "aquilo" até tem um "nexo".

Quanto às críticas da Matilde, eu acho que houve bom senso na decisão de levar o Sweet Movie à aula - simplesmente o João Queirós tem uma sensibilidade que, aparentemente, não coincide com a da maioria da turma. (É insensível, não digam a ninguém.)

Faz parte de uma disciplina como esta haver filmes que não nos agradem minimamente (olá, senhor Fassbinder!), filmes que nos choquem (olá, senhor Kubrick!) e filmes que nos agradem imenso (olá outra vez, senhor Kubrick! E boa noite, senhor Makavejev!). O Queirós arriscou, provavelmente pensava que este "doce" apenas nos ia chocar, mas agradar - como no caso do Laranja Mecânica. Afinal de contas, enojou grande parte da turma... mas como diria o nosso amigo Frank Sinatra - that's life. Não acho que justifique o cessar de qualquer sugestão de visionamento de filmes...

not so sweet

Ao longo da tarde tenho pensado mais sobre o filme que vimos hoje e também sobre o que foi dito sobre ele.

Primeiro, quanto à questão do que é mais educativo, que levantei na aula e que outros desvalorizaram totalmente. Obviamente que um realizador tem todo o direito (e por favor não dizer mais vezes que ele tem o direito) de fazer filmes não educativos. Por outro lado filosofia e cinema é uma disciplina, do curriculo escolar, onde vemos filmes para depois os discutirmos. Serve para aprendermos, a argumentar e a pensar claro, mas também teorias, factos, dados.
Parece-me então óbvio que é de toda a conveniência vermos filmes que nos ensinem coisas! Filmes que nos dêem bases para podermos discutir, filmes onde haja diálogos interessantes que nos levem um pouco mais além do conhecimento que já possuímos.
Portanto, mesmo que algumas pessoas (eu incluida) gostem de filmes que são devaneios e loucuras, são incomparavelmente preferiveis filmes consistentes, didáticos.
"Pessoalmenté", vi este filme como uma grande loucura do realizador, e confesso que não me ensinou nada. Talvez conseguisse descobrir algum conteúdo se agora fosse navegar para a wikipédia.

Segundo, acho que quem dá sugestões de filmes para serem passados na aula deve usar o que se passou hoje como um exemplo a não seguir. O sweet movie, ninguém o pode negar, é um filme com algumas, muitas, cenas impressionantes (se bem que a maioria são apenas "fisicamente" chocantes, o que a mim pelo menos me passa um bocado ao lado) e seria bastante provável que muita gente (tal como veio a acontecer) saísse da sala a meio. O que também não é o objectivo da disciplina.
Assim, acho que um bocado de bom senso e sensibilidade é muito recomendado para o futuro.

Terceiro, acho que devíamos pressionar o professor para ser ele a fazer parte da selecção dos filmes, por muito boa vontade que nós tenhamos corríamos menos riscos se assim fosse. (é verdade que não vi o fassbinder xD)

Quarto, aqui vai o que penso sobre o filme detalhadamente:
Acho que este filme não é chocante pelo simples motivo que é uma tentativa falhada de "filme chocante", tem cenas gratuitas, desnecessárias e muitas vezes vazias. Parece-me uma daquelas "pseudo-obras primas" que normalmente geram a "mais hórrivel e irritante situação que quase me faz arrancar os cabelos": tentar desesperadamente descobrir simbologias onde elas não existem ou tentar decifrar umas simbologias baratas e através destes dois métodos chega-se à conclusão de que é de culto.
Parece-me de neste filme o Dusan Makavejev quis mesmo foi desafiar a critica, quebrar as regras, e afirmar-se como radicalmente diferente do comum realizador. Tarefa que executou com sucesso! Sobra o vazio..

Nota: quando falo em simbologia barata quero dizer simbologias que são incutidas sem nexo no desenrolar natural da acção. Ou seja, por exemplo a questão dos olhos, não é verosimil nem plausivel, não é natural na realidade. Mas Claro que têm um significado!
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