terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mecanismos da Naranja

Quanto aos mecanismos da naranja, gostei imenso do filme, muito melhor que qualquer jogo da equipa holandesa. Obrigado Queiroz pela sugestão ;)
Para responder à questão de se poder ou não aplicar esse tipo de tratamento, na minha opinião é claramente não, não se trata de saber se ele continua mau ou fica bom, se tem impulsos maléficos ou não, não se trata do que é o bem ou o mal, aquele tratamento é desumano e tira a identidade, a autonomia e o livre arbítrio. Em prol da justiça? Em vez de ficarmos com um criminoso ficamos com um doente, uma pessoa psicologicamente debilitada que passa a ser troçada e abusada por toda a sociedade pois toda a sociedade também tem aqueles instintos maléficos e de vingança como os que ele teve e continua a ter. Aquele tratamento só o trocou de potencial criminoso para potencial vitima, a resposta é: fazemos o mesmo a todos os que mostrarem esse comportamento para com ele? Então ficamos com uma sociedade de doentes mentais que não se podem reproduzir porque têm agonia ao sexo, não podem estar em espaços públicos porque de um momento para o outro ficam agoniados com uma musica, com um símbolo, com uma cor que lhe relembra o tratamento, ficamos com indivíduos estereotipados sem livre arbítrio e vazios, sem identidade.

Respondendo à Maria: “Por um lado é óptimo para a sociedade que aquele individuo não volte a matar, violar, agredir.” Boa! Se o condenares á pena de morte, ele também não volta a matar, violar nem agredir, mas penso que estamos de acordo que esse não é o método correcto, certo? Com o tratamento não lhe tas a dar a oportunidade de se tornar “bom” e de perceber o que é “errado”. Estás sim a torna-lo fisicamente incapaz de fazer o que é “errado” nem que para isso o tornes também fisicamente incapaz de fazer coisas que estão “correctas”.
“Mas, talvez pela dor que sente sempre que tenta fazer mal, se vá habituando e readquirindo novos valores, valores respeitadores.” Não! Ele deixa de fazer por medo da consequência, pois sabe que vai sentir-se horrivelmente mal, e sempre que se esquecer leva com a horrível agonia para se relembrar. Acontece o mesmoc com experiências científicas com ratos. Metes comida na gaiola, sempre que for a comer leva um choque eléctrico, à quarta ou à quinta ele deixa de tentar comer por muito que queira, ele percebe o porquê de não poder comer? Ele não ganha novos valores, apenas teme a consequência dos seus actos. O mesmo acontece no filme, o caso da Nona Sinfonia, é moralmente mau ouvi-la? É que os novos valores dele garantidos por tão bom tratamento lhe fazem achar que ouvir a nona sinfonia é tão mau como matar uma pessoa, o sentimento de repulsa e agonia é o mesmo.

Para terminar quero só referir-me ao tão complicado tema da consequência vs intenção. Qual o moralmente correcto? Qual o mais importante e útil?
Penso que há duas perspectivas, se fores pensar no que é melhor em termos morais é obvio que o que conta é a intenção. Eu sou uma pessoa muito “melhor” se ajudar os “pobres” com aquilo que tenho porque tenho esse puro desejo do que qualquer rico que ajuda muito mais do que eu com a única intenção de aparecer nos jornais como o super caridoso.
Agora se fores analisar em termos práticos, se fores ver o que é mais útil para a sociedade é com certeza a consequência. Que interessa aos “pobres” se eu quero se não lhes dou nada, preferem muito mais o gajo podre de rico que é muito falso mas lhes dá o que precisam. Em toda a nossa sociedade o que interessa é os resultados, como a Maria disse, que interessa se o politico tem muito boas intenções se não consegue por o país a mexer? Que me interessa se o advogado me defendeu porque acreditava em mim se não conseguiu ilibar-me? Preferia mil vezes um que acha-se que eu era culpado e me safasse. Então no desporto é mais que compreensível a inutilidade da intenção e a importância da consequência. Eu quero lá saber se o jogador queria muito ganhar mas não conseguiu? O que me interessa é que a equipa ganhe! No mundo do desporto, assim como em toda a sociedade, só interessam os resultados. No entanto, não há duvida nenhuma que uma pessoa a agir com intenção é muito “melhor”, muito mais moralmente correcta que a que apenas age por interesse, mas em maior parte dos casos só nos próprios sabemos as nossas intenções, assim sendo, no mundo pratico acaba por contar muito mais o resultado.

Beijoca fofa, desculpem o giant da cena
Zeze Rapazote

6 comentários:

  1. "Mecanismos da Naranja"? deves achar que tens muita piadinha... :)

    "Respondendo à Maria: “Por um lado é óptimo para a sociedade que aquele individuo não volte a matar, violar, agredir.” Boa! (...)" Que cliché de resposta de Zé para Maria ahah.

    Quanto ao conteúdo do post, concordo contigo.

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  2. Concordo com o Zé, em termos práticos o que conta é a consequência: "Então no desporto é mais que compreensível a inutilidade da intenção e a importância da consequência. Eu quero lá saber se o jogador queria muito ganhar mas não conseguiu? O que me interessa é que a equipa ganhe!", óbvio! Se no play-off o Queirós quiser muito ganhar (sim Queirós, acredito muito que queiras que Portugal ganhe) mas não passe disso, a intenção era boa mas a conclusão é que ficamos apeados e já não vamos a África do Sul.
    Pá, quando oferecemos um presente não é a intenção que conta? Pelo menos é o que me dizem. Portanto deixem-se de tretas. O que interessa é o que é feito, não o que supostamente querem fazer.

    Vão-se encher de moscas,

    Garrett

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  3. martinha, resposta cliché, mas mais correcta era impossivel, ou discordas com a afirmação?
    Muito obrigado pela concordancia no post ;) LOOL

    garnett, muito obrigado pela concordancia, gosto muito de ti @ Claro que moralmente é mais correcto ter a intenção, mas o que importa e o que pode ser analisado são as consequências. Moscas po pessoal ;)

    Anónimo, post engracado mas nao percebi :P

    Beijinhos ZECA

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  4. ahah zé, só achei piada porque estou a imaginar a cena ao vivo, a tua cara e tudo. não discordo, não.

    Devo ser sincera, fiquei chateada com o post porque agora não tenho nada para dizer sobre isto. É que podias ao menos dizer alguma coisa para eu discordar...

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