quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"E o filme que vimos"...

Antes de mais, no que diz respeito ao tema debatido nos últimos comentários... não tenho muito mais a acrescentar. Creio que já disseram mais ou menos aquilo que eu penso - a pena de morte não é solução, a prisão deve ser um local de redenção e reabilitação, não apenas um instrumento de... punição.

Quanto ao assunto que o professor lançou "há alguns posts", discordo desde logo da formulação de algumas questões, nomeadamente a que se segue: "Será possível a conciliação entre estas duas formas de fazer cinema, ou seja, aquela que se pretende uma arte e aquela que é fundamentalmente um negócio?". Para mim, todo o cinema é fundamentalmente negócio e, no geral, pretende-se uma arte - simplesmente há diferentes públicos-alvo a cativar e visões distintas daquilo que constitui "arte". Quando muito, podemos considerar a existência de filmes destinados "às massas" e filmes de expressão reduzida destinados a públicos considerados mais "selectivos" - uma "elitização" que me desagrada profundamente.

Este tipo de discriminação é perigoso. Há filmes... e filmes - o blockbuster The Dark Knight foi, a meu ver, um dos melhores filmes do ano passado, enquanto o Belle Toujours, de Manoel de Oliveira, foi um sonífero exemplar. Já o G.I. Joe, outro blockbuster, foi terrível; e o Smoking, que vimos na última aula, foi excelente.

Esta questão é semelhante às que se debatem exaustivamente noutras indústrias (sendo a autêntica batalha "música dita "underground"/"indie"" vs. "música popular" o expoente máximo dessas discussões), e acabam por ir dar sempre ao mesmo - minorias consideradas elitistas/informadas vs. maiorias consideradas tacanhas e sem personalidade. Resultado? Clivagens ainda maiores entre as ditas "elites" e o dito "povo". Tudo por causa de rótulos sem grande nexo...

Quanto à questão de Hollywood, com a crescente globalização e as crises económicas frequentes, que levam ao aumento dos custos de produção em território dos EUA e diminuição no resto do Mundo, assistimos a uma gradual descentralização da indústria - por algum motivo vamos ter uma espécie de "cidade do cinema" em Portimão e já há estúdios semelhantes em Marrocos, Espanha, Reino Unido...

Reparem como ouvimos falar cada vez mais de filmes britânicos, espanhóis, mexicanos, franceses... bem, filmes de praticamente todas as nacionalidades, menos portugueses (a não ser que tenham cenas de sexo escaldante, mas desses filmes só mesmo nós, portugueses, é que ouvimos falar).

Pedro Almodóvar, Penélope Cruz, Benicio del Toro, Marion Cotillard, Guillermo del Toro, Julian Schnabel, Michel Gondry, Park Chan-wook... é uma indústria a espalhar-se pela América do Sul, pela Europa, pela Ásia. Hollywood pode ter o glamour de sempre, mas está a perder, gradualmente, o seu aparente monopólio. Porque sempre houve cinema para lá de LA. Mas só agora é que esse cinema começa a ser verdadeiramente (re)conhecido.

7 comentários:

  1. Acho que concordo com tudo o que disseste, e devo já dizer que estou profundamente desinformado sobre a realidade actual da indústria cinematográfica.

    Mas também não acredito que não haja exemplos, e vários!, da arte e da vontade do artista serem sacrificadas em prol do dinheiro!
    E.g. se não me engano o Woody foi obrigado a fazer um filme por ano para que lhe pudesse ser fornecido os meios financeiros para fazer o que ele queria. E algo semelhante aconteceu com o Kubrick.

    Não tenho a certeza destas informações, mas não me parecem de todo fora do plausível! E se isto é assim com grandes realizadores imagen com os pequenos :S

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  2. O caso do Kubrick foi algo mesmo giro. Em 1968, aquando da estreia do "2001: Odisseia no Espaço", o governo americano pediu-lhe para filmar uma simulação da primeira ida à lua, que teve lugar no ano seguinte, 1969, caso esta corresse mal. Tudo isto em troca de uma lente especial da NASA para filmar algumas cenas do (Excelente) filme "Barry Lyndon", de 75. Claro que isto é só um rumor, mas pode muito bem ser verdadeiro

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  3. Rodrigo, isto não me saiu da cabeça durante duas horas e mesmo assim ainda não consigo acreditar.....

    escreveste mesmo a palavra "povo"?? :O :O


    O que é que se passa contigo??
    andas a ter alguma crise ideológica? estás confuso, amor? xD xD

    abreijos!

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  4. Escrevi. xD E falei de clivagens entre "elites" e "povo". Daqui a nada ainda começo a falar do prole... pro... aaargh, ainda é demasiado cedo.

    Mas já consigo dizer "Buloco" de Esquerda sem gaguejar. =')

    Abreijos é uma expressão deveras "super fofa". Por isso,

    Abreijos!

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  5. TEnta campesinato, ainda é mais dificil!

    Temos de ter um grande debate sobre capitalismo!

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  6. no entanto cada vez mais me convenço que quando um cineasta americano vem filmar para a Europa é um desastre. Obviamente os últimos filmes do Woody Allen levam-me a dizer isto xD

    http://kobason.spaces.live.com/Blog/cns!C873246EA6369396!30090.entry

    Achei divertido ler, para vermos a mudança no cinema americano!

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