terça-feira, 29 de setembro de 2009

Livre-arbítrio?

Depois da aula de hoje fiquei, mais uma vez, um pouco "frustrada" por não termos conseguido nenhum exemplo que pudesse refutar o determinismo. Porque desde que aceitei esta teoria que, por mais que dê voltas à cabeça, nunca me ocorreu nenhum exemplo que ficasse a contrariasse um bocadinho que fosse. Aqui estão alguns possíveis:

- Se tudo já está determinado então posso ficar aqui na cama sem estudar nem trabalhar, afinal não posso mudar nada no meu "destino". - enfim, é óbvio que este foi pensado há muito tempo e não merece grandes comentários xD

- Se tudo já está determinado, então não podemos atribuir nenhuma culpa a um homicida. Quererá dizer que este não deverá ter qualquer pena? - Este foi um bocadinho mais difícil de resolver, mas se está determinado que o nosso criminoso mate a sua vítima, também está determinado que ele vá passar 7 anos na Marquês de Fronteira!


- E depois, temos o que também foi dito hoje na aula: a sorte. Na minha opinião, lá por estarmos totalmente prisioneiros de uma rede de causas e efeitos, continuamos a ser alvos de sorte. Ou seja, poderá acontecer nos estarmos sob condicionantes que levem a consequências altamente positicas!
Por exemplo num lançamento de dado: pode estar determinado que vou tirar 6 e vou ganhar, se bem que as causas não sejam conhecidas! É quando as causas não são conhecidas, ou não podem ser detectadas ou percebidas que temos azar ou sorte!

No entanto, é totalmente impossível viver a pensar que acabei de escrever "No entanto", não porque prefira esta conjunção a um simples "mas", mas porque estava determinado que assim o fizesse! Devemos viver como se realmente pudessemos escolher, e já escolher procurar o ponto fraco da teoria determinista ;)

10 comentários:

  1. M:"- Se tudo já está determinado então posso ficar aqui na cama sem estudar nem trabalhar, afinal não posso mudar nada no meu "destino""

    Q: Isto faria muito sentido se o teu "destino" fosse ficar na cama sem estudar nem trabalhar e pensar que "se tudo está terminado...x y e z", mas não é o caso. Pode muito bem ter sido determinado que apesar de não conseguires
    refutar o determinismo não viverás enclausurada por ele, o que é o caso...

    "
    M:- Se tudo já está determinado, então não podemos atribuir nenhuma culpa a um homicida. Quererá dizer que este não deverá ter qualquer pena?"
    Q: - Este foi um problema que debati durante horas com algumas pessoas, nomeadamente com o Pedro Feijó, e a conclusão a que chegamos é muito simples: Crendo na tese determinista, não podemos considerar as prisões como locais de castigo mas sim de reabilitação. Como locais onde ocorrem fenómenos de causa-efeito que levam essa "vítima do destino", esse " delinquente inocente" a alterar o seu comportamento.

    Finalmente, a sorte. O acaso, como referi na aula, não constitui qualquer tipo de refutação à tese determinista. Simplesmente chamamos de "sorte" ou "azar" àquilo que (ainda) não podemos prever ou justificar sob um ponto de vista causa-efeito; acção-reacção. Se eu considerar todos os factores fisico-quimicos que se enredam em torno do lançamento de um dado, talvez consiga descobrir de que forma consigo fazer com que calhe 6. Tudo isto pode ser determinado. O acaso é simplesmente um substantivo que utilizamos para algo cujas consequências não determinámos e que são desconhecidas por nós, quer por não o termos tentado quer por não o termos conseguido. É uma palavra usada para descrever uma situação. Não uma tese ou um argumento.

    ResponderEliminar
  2. Tanto o exemplo da cama como o do homicida me parecem abordar a questão do determinismo de um ponto de vista errado.
    Simplesmente porque na frase "Eu não tenho livre-arbítrio" (que tanto assusta as pessoas) não é o "não" que está errado, mas antes o que as pessoas consideram o "EU", uma definição pouco aprofundada. E esta mesma questão faz com que se possa aliar o determinismo com o livre-arbítrio (e não com o indeterminismo, que é uma coisa diferente) por mais estranho que pareça.

    Quanto à "sorte e azar" odeio a expressão.Prefiro "acaso" ou "aleatoriedade" para um debate filosófico, visto que as primeiras expressões invocam uma associação de posse e as segundas meros processos físicos simplesmente demasiado complexos (A sorte é algo que ALGUÈM TEM, enquanto que o acaso simplesmente) existe. Da mesma forma que odeio a palavra "destino" e prefiro "futuro determinado" visto que a primeira leva as questão pra um ponto de vista pessoal e para uma associação teológica ou esotérica.

    Matilde, Adorei o último parágrafo.

    ResponderEliminar
  3. Mas a sério, bora NÃO discutir o determinismo no blog?
    É um assunto complicado que mete Física e Biologia e sobre o qual eu reclamo um período de 5min para apresentar a minha posição xD (porque sou profundamente apaixonado pelo tema).

    Bedjos

    ResponderEliminar
  4. O único argumento que considero forte contra o determinismo é o da regressão infinita: "Qual a causa do primeiro efeito?"

    ResponderEliminar
  5. Queirós:

    1- não percebi o primeiro ponto xP

    2- eu não disse que a sorte refutava o determinismo nem que era uma argumento..

    3- bem lembrado! porque não podem ser causas desconhecidas (ao que estamos a chamar acaso), porque mesmo essas causas têm de ter uma causa. Já não me lembrava dessa!

    Feijó:

    Esse "EU" é um mero resultado de genética, influências externas e outras causas não identificadas, no qual "tu" não tiveste qualquer influência.. é mais ou menos isto?

    ResponderEliminar
  6. O que eu quis dizer com o primeiro ponto é que tu, ao saber que a perguiça e a inactividade poderão ser causas de miséria e tristeza, e que o trabalho e a vontade poderão ser causas de sucesso nunca ficarás "aí na cama sem trabalhar nem estudar", pois sabes que isso só te traria consequências nefastas. Sabendo isso, és determinada a trabalhar e não a molengar. O facto de estar tudo determinado não faz com que o teu futuro seja igual quer faças algo ou não faças, porque não só está o teu futuro determinado, como está o teu presente. Está determinado que acharás a ideia de ficar na cama parva, por isso nunca a farás.

    ResponderEliminar
  7. Já nestas férias tínhamos discutido este assunto, e como disse o Queirós, tanto o argumento de ficar em casa, como o de atribuir a culpa, são facilmente refutados.

    o único argumento que considero algo forte, e espero que possamos falar um pouco mais sobre ele, é o problema de todas as linhas de causa-efeito: a regressão infinita. Se consideramos que todos os acontecimentos são determinados por um conjunto de causas anteriores a este, então onde começou esta linha de causa-efeito? No extremo, termos com toda a certeza, um acontecimento que não teve nada precedente. (A origem do universo por exemplo)

    Sérgio

    ResponderEliminar
  8. Exacto Sergio, acreditar nesta teoria do determinismo é o mesmo que a minha bisavó deve acreditar de que tudo acontece por causa de um ser superior, Deus, e que o futuro já está todo determinado e que isto aconteceu por uma razão superior bla bla bla..
    Isto é conversa do padre da minha paróquia,voces nao lhe chamam Deus mas também referem que o futuro já esta determinado e que nós somos as marionetas do "Nosso Senhor"

    P.S. Peço desculpa pelo comment um bocado agressivo e talvez com uma visao um bocado bronca xD mas é +/- isto, n me consigo expressar la muito bem, porque POR OBRA DO ACASO E NAO POR NENHUMA RAZAO DETERMINADA entalei-me na p*** da porta do carro LOOOL

    ResponderEliminar
  9. Zé, nem comento.

    A regressão infinita não é argumento. As correntes não deterministas não põe em causa a questão causa-efeito pelo que o problema mantém-se. O que o determinismo nos diz é que para ESTAS causas, SÓ podem haver ESTES efeitos. O problema da regressão infinita mantém-se para as outras teorias, a diferença é que o determinismo nos diz que é mais fácil achar essa causa do que se acreditarmos noutras teorias.

    A regressão infinita a mim nem me faz muita confusão. Desde o +ultimo século que se acredita que o tempo passa consoante a velocidade a que andas, que a matéria encolhe com a velocidade, que tudo o que é matéria se pode transformar em energia, que a velocidade da luz é sempre a mesma independente do referencial (mesmo que esteja em movimento), que há buracos invísiveis no espaço que nos levam para outras dimensões, que pode haver infinitos referenciais temporais em universos diferentes e que, oiçam bem, o tempo tem forma.
    Já pra não falar da mecânica quântica que diz que não estamos na verdade em lado nenhum.
    Portanto haver primeira causa ou não... É um bocado indiferente tendo em conta o abstracto da física pura (a lacuna estará, provavelmente, em não haver primeira).

    Mas voltando ao determinismo,
    Sim Matilde, mas é mais do que isso. TU podes tomar decisões claro, e essas tuas decisões podem mudar o rumo das coisas, nada te tira esse poder e nada te tira teres o mundo nas mãos xD. A questão é que esse mesmo TU, tal como disseste, é já por si determinado. Não é que TU não tenhas escolha, mas TU és determinação.

    Beijos!
    PS: eu bem que aconselho a esperar pela proxima terça, mas não aguento xD

    ResponderEliminar

Site Meter