Em grande parte o Rodrigo Dias disse o que eu ia dizer, por melhores palavras ainda.
Considero Sweet Movie um filme brilhante, provavelmente um dos meus filmes preferidos (e digo provavelmente porque ainda o vou ver umas quantas vezes).
Para os que conseguirem ultrapassar a barreira da obscenidade “excessiva”, trata-se de um filme cheio de conteúdo. Um filme em que o significado das metáforas presentes não te é dado coberto de facilitismos, exactamente porque o significado de cada elemento só vale no conjunto de todos e porque é necessária alguma (bastante) cultura política para a compreensão das ideias transversais às cenas.
Hei-de vir cá fazer uma análise mais profunda de alguns elementos do filme, mas por enquanto deixo apenas a minha resposta às criticas que foram apresentadas.
Penso que a principal pode ser apresentada assim:
O Sweet Movie não tem qualquer tipo de significado, trata-se apenas de uma sucessão aleatória de acções nojentas numa tentativa de chocar o público para que o realizador se possa afirmar diferente. É uma “pseudo-obra prima”.
Esta leitura parece-me simplista e até arrogante. Não é por alguém não ter percebido o filme que pode dizer que este não tem sentido, simplesmente não o compreendeu!
Acabei de ver o Eraserhead do Lynch. Céus!, não percebi nada! Mas não direi que é vazio de significado, direi apenas que não tenho as bases de matemática suficientes para ler o livro de que o Zé falava.
Quantos não terão dito que o Mulholand Drive é vazio a uma primeira leitura? Quantos não serão os habituados às estruturas Hollywoodescas que negarão a possibilidade de ver beleza na maioria dos filmes que vimos, só porque não estão habituados a concepções diferentes?
A obscenidade é dispensável.
Oh meus amigos e minhas amigas, se isto fosse verdade eu nem estaria aqui a contra-argumentar (ora pensem lá nessa xD).
Não se consegue transmitir a verdadeira essência de um trauma a partir de uma descrição ou de um “diálogo interessante que nos leve um pouco mais além do conhecimento que já possuímos”. E a importância da transmissão destes traumas é enorme! De que outra forma poderíamos perceber a essência daqueles nascimentos? Daqueles estádios sexuais? Daquele ambiente freudiano que é a recusa do que adquirimos por coacção do sistema?
Como disse, virei cá posteriormente escrever mais sobre isto (até porque ainda vou ver o filme outra vez antes), mas por enquanto fica isto e as minhas felicitações ao Queirós por esta escolha! Foi arriscada mas muito boa!
Agora, se me permitem, vou chorar um pouco mais com Marx, antes de ir ter sonhos de açúcar ;)
Beijaços e Abrinhos
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