domingo, 28 de fevereiro de 2010

progresso cientifico

Antes de mais: retiro a ideia absurda que dei na última aula. Esqueçam por favor aquela parvoíce, que disse sem pensar!

Entretanto pensei sobre o tema com mais profundidade e cheguei a algumas conclusões (espero que mais certeiras):

1 - O Modelo colectivista que propus (uma única comunidade cientifica, financiada por todos os países interessados, estaria encarregue de com esse mesmo capital produzir da maioria das inovações. Estas seriam depois distribuídas por todos os países contribuintes sem excepção)não funcionaria por vários motivos:

a) Como sabemos, o desenvolvimento humano, económico, cientifico, politico, etc não é uma constante de país para país. No Mundo em que vivemos encontramos disparidades tremendas. Se pensarmos, percebemos que o desenvolvimento se encontra directamente relacionado com o progresso cientifico. Não só porque o crescimento económico é necessário para suportar financeiramente a actividade de investigação, como também porque o progresso cientifico incentiva o desenvolvimento a todos os níveis. Por assim dizer, a Alemanha registou em 2006 51260 famílias de patentes e que nesse mesmo ano a Índia verificou 1559. Será coincidência o facto da Alemanha ser o 22º país mais desenvolvido do Mundo (por IDH) e a Índia ocupar o 134º lugar?

b) Portanto é óbvio que as inovações/descobertas cientificas não devem ser colocadas à disposição de todos, sem discriminação. Afinal, conforme a moral de certo país ele pode utilizar uma "invenção" diferenciadamente. Tal como vimos, a maioria das descobertas cientificas pode ter aplicações muito variadas, provavelmente a tecnologia da clonagem teria uma utilização muito diferente em França da que teria no Iraque. Se um país chegou a um estado de progresso cientifico avançado, não terá sido por sorte.

c)A criação de uma comunidade cientifica única, independente, global seria, numa palavra: um desastre. A comunidade cientifica deve ter como primordial objectivo a satisfação das reais e possíveis necessidades da população em que se insere e assim, a melhoria da qualidade de vida da mesma. Portanto as prioridades vão variar de país para país. Se em Portugal é imperativo encontrar uma solução eficaz para o aproveitamento energético das ondas, com certeza que a comunidade cientifica da Suiça não estará minimamente interessada neste problema. É assim essencial para a manutenção da utilidade do progresso cientifico a comunicação com a população.

d)O desastre seria ainda maior se a comunidade fosse financiada pelos múltiplos países, porque este processo tornaria o fundo de capital praticamente ilimitado. E já sabemos o que acontece a organizações de financiamento sem fundo: acabam por cair em enormes desperdícios, utilizam o dinheiro para viabilizar projectos sem interesse para as populações, e pior, acabariam por não encontrar soluções apropriadas para problemas de escassez - poupança (haha).

2 - Outras reflexões:

a) A produção cientifica assemelha-se à produção artística: pode ser proibida mas nunca pode ser evitada.

b) A produção cientifica não deve, TEM DE ser lucrativa. Afinal, a grande via para o crescimento económico e desenvolvimento humano neste momento é sem dúvida a inovação, o investimento em I&D etc. Como tal não faria qualquer sentido que se democratizasse gratuitamente a utilização da mesma.

5 comentários:

  1. Excelente reflexão, Matilde!

    Queria debruçar-me apenas sobre o teu último parágrafo.

    Se a produção científica tiver sempre como objectivo o lucro, a investigação de base deixa de se realizar. Por exemplo, nas chamadas ciências humanas, na matemática pura ou na astronomia, porque estas nunca dão lucros. Limitar a I&D às necessidades do mercado pode provocar graves distorções e ser, em si mesma, perversa.

    Na altura da descoberta do genoma humano, uma empresa quis patentear as suas descobertas. Isto significaria, no futuro, que qualquer terapia genética teria que pagar direitos de autor o que mais iria aumentar o fosso entre ricos e pobres que tão bem retrataste no teu texto

    ResponderEliminar
  2. hum, pois aí realmente seria complicado.
    Mas mesmo assim, as ciências humanas têm todas aplicações e utilidades reais!

    matilde

    ResponderEliminar
  3. aliás, acho que gostava mesmo de corrigir esse paragrafo:

    b) A produção cientifica não deve fugir do objectivo do lucro, pelo contrário deve ser lucrativa. Afinal, a grande via para o crescimento económico e desenvolvimento humano neste momento é sem dúvida a inovação, o investimento em I&D etc. Como tal não faria qualquer sentido que se democratizasse gratuitamente a utilização da mesma.

    matilde

    ResponderEliminar
  4. E que dizer sobre a transparência (ou a falta dela!? na investigação científica? No fundo, julgo ser também disso que o professor fala quando diz que existe o risco da viabilização de projectos que interessam apenas a alguns. No entanto, além disso, é notório, ainda que nem sempre seja público, que rios de dinheiro são entregues a entidades que fingem que investigam, em todas as áreas!

    ResponderEliminar
  5. A Matilde é comuna! A Mailde é comuna!

    ResponderEliminar

Site Meter